O VLT (Veículo leve sobre trilhos) ou LRT (Light rail transit, em inglês) é um sistema de transporte público que opera sobre trilhos, ideal para médias capacidades de passageiros. Seu design moderno e sua operação eficiente oferecem uma alternativa atrativa aos ônibus convencionais e aos trens pesados.
Exploramos em detalhes o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), comparando-o com outros modais como o BRT (Bus Rapid Transit), VLP (Veículo Leve sobre Pneus), metrô e monotrilho. Além disso, destacamos os principais sistemas de VLT no Brasil e a maior rede de VLT do mundo.
Características do VLT:
- Operação: Funciona em vias exclusivas ou compartilhadas, geralmente integrado ao ambiente urbano.
- Capacidade: Projetado para transportar entre 100 a 400 passageiros, em média.
- Tecnologia: Equipado com tecnologia de ponta para controle de tráfego e segurança.
- Velocidade: Velocidades médias mais altas do que os ônibus urbanos, mas inferiores aos metrôs.
Qual a diferença entre o VLT, BRT, VLP, Monotrilho e Metrô/Trem?
Existem algumas diferenças notáveis entre esses modais de transporte e te explicamos em detalhes:
VLT vs. BRT (Bus Rapid Transit)
- VLT: Trilhos; mais silencioso e geralmente mais rápido; maior custo inicial.
- BRT: Ônibus em vias segregadas; flexibilidade na rota; custo inicial mais baixo.
Qual melhor escolha: BRT ou VLT? Veja a comparação em detalhes.
VLT vs. VLP (Veículo Leve sobre Pneus)
- VLT: Trilhos; maior capacidade e durabilidade dos veículos.
- VLP: Pneus; mais adaptável a vias existentes; menor impacto na infraestrutura urbana.
VLT vs. Metrô
- VLT: Menor capacidade; menor custo de implementação; opera em superfície ou subsolo.
- Metrô: Maior capacidade; ideal para grandes distâncias e altas densidades; opera principalmente subsolo.
VLT vs. Monotrilho
- VLT: Opera em trilhos convencionais; mais integrado ao cenário urbano.
- Monotrilho: Via elevada; menor impacto no tráfego de rua; visualmente mais impactante.
Confira uma análise mais detalhada das principais diferenças entre VLT e Monotrilho.
Vantagens e Desvantagens do VLT
Existem muitas vantagens e desvantagens para mobilidade e o espaço urbano na escolha do VLT como modal de transporte. Te explicamos cada uma delas:
Vantagens do VLT
- Integração Urbana: Menor impacto visual e de ruído em comparação com trens convencionais.
- Eficiência Energética: Menor consumo de energia por passageiro transportado.
- Conforto: Maior conforto e confiabilidade em comparação com o transporte por ônibus.
Desvantagens do VLT
- Custo Inicial: Investimento inicial alto devido à construção de trilhos e infraestrutura.
- Flexibilidade: Menor flexibilidade de rotas em comparação com os ônibus.
- Impacto no Trânsito: Pode afetar o tráfego de veículos em áreas onde não há vias exclusivas.
Veículo Leve sobre Trilhos no Brasil
O Brasil, desde os tempos de ditadura militar, já opera alguns sistemas de veículos leves sobre trilhos, embora alguns deles já tenham sido desativados e outros nunca chegaram a sair do papel.
VLT’s em funcionamento
O Brasil possui pelo menos 9 cidades com VLTs em funcionamento:
- Rio de Janeiro (RJ): VLT Carioca, conecta a região portuária ao centro financeiro. O VLT carioca, inaugurado em outubro de 2019 passa atualmente por novas expansões desde sua inauguração com o lançamento da quarta linha do VLT carioca em 2024. Além disso, existem discussões de implantar um novo sistema para substituir os BRT’s por VLT’s e também de substituir trens da Supervia por VLTs.
- Baixada Santista – Santos e São Vicente (SP): VLT da Baixada Santista, ligando São Vicente a Santos. O VLT da baixada santista completou 7 anos de operação em 2023. Além disso, o VLT já projeta expansão da terceira linha.
- Fortaleza (CE): VLT Parangaba-Mucuripe, parte do sistema de transporte integrado da cidade, que além de gerar uma economia de 93 milhões para Fortaleza, também está em expansão para levar o VLT até o aeroporto da capital cearense.
- Sobral (CE): Operando desde 2014 e operado pela CCTM, o sistema de VLT de Sobral expandiu seu horário de funcionamento a partir de 2021.
- Maceió (AL): Inaugurado em 2011, o sistema tem 15 estações operacionais. Em 2022, o VLT de Maceió expandiu as viagens, aumentando o fluxo de funcionamento.
- Teresina (PI): Em 2017, VLT’s substituiram carros de metrô em Teresina. Em 2023, anunciou-se que o sistema de VLT de Teresina continua em expansão e avaliando concessão.
- Recife (PE): O VLT de Recife opera desde 2012, comandado pela CBTU. Em 2021, um dos trechos foi duplicado e diminuiu pela metade o tempo do trajeto.
- João Pessoa (PB): Desde 1984, o sistema conta com 12 estações. Algumas dessas estações do VLT de João Pessoa passaram por reformas em 2024.
- Natal (RN): A partir de 1984, a cidade implementou sistemas de VLT para compor a mobilidade local. Em 2024, a estação Bom Pastor foi reformada e entregue a população.
VLT’s no Brasil: novos projetos em análise
- Niterói (RJ): Em 2020, a administração municipal de Niterói iniciou estudos para implantar um VLT na cidade.
- São Paulo (SP): Também em 2020, a Prefeitura de SP analisava implantar um VLT no centro da capital paulista. A história do VLT em SP ganhou repercussão internacional.
- Sorocaba (SP): A cidade do interior de São Paulo está no mapa de um projeto de expansão de mobilidade. Com isso, Sorocaba pode ganhar um VLT até Iperó.
- Salvador (BA): A capital baiana, Salvador, desativou seu sistema de trem no subúrbio em 2021, depois de funcionar por 160 anos. No lugar, estuda implantar um sistema de VLT em Salvador que pode operar entre Derba e Águas Claras.
- Campina Grande (PB): O município paraibano de Campina Grande estuda implantar um VLT desde 2022. As negociações começaram após uma visita da administração municipal a cidade paulista de Santos, que tem uma população de dimensões parecida.
- Praia Grande (SP): A cidade da baixada santista deve receber uma expansão do atual sistema existente em Santos e São Vicente, levando o VLT até Praia Grande.
- Macaé (RJ): Em 2019, a cidade de Macaé discutia a implantação de VLT na cidade.
- São José do Rio Preto (SP): Em 2020, a gestão municipal levantou a possibilidade de instalar um VLT no centro de Rio Preto como plano para retomar a malha ferroviária local. Em 2022, a idéia continuou a ser discutida e a idéia de existir um VLT no centro de São José do Rio Preto, continua a ser uma possibilidade a partir de 2026.
- Curitiba (PR): A cidade discute em 2024 a possibilidade de VLT em Curitiba para ligar o aeroporto ao centro da cidade.
VLT’s no Brasil: projetos cancelados, extintos ou sem evolução
- Campinas (SP): O VLT de Campinas deixou de operar em 1995, mas foi o primeiro projeto de veículo leve sobre trilhos do Brasil. O sistema da cidade levou os veículos do antigo VLT carioca para operar em Campinas.
- Cuiabá (MT): Anunciado para a Copa do Mundo de 2014, o famoso VLT de Cuiabá já teve vários capítulos. Antes mesmo do evento, já se sabia que não ficaria pronto a tempo. O projeto teve problemas desde o início: falhas de concepção e desvio de recursos. Em 2020, o projeto do VLT de Cuiabá foi cancelado. Em 2022, a novela ganhou novo capítulo quando a União decidiu evitar o cancelamento do VLT. O projeto estadual ganhou apoio da prefeitura de Cuiabá, que acredita na retomada do VLT. Em 2024, uma reviravolta: o projeto do VLT foi inscrito para receber verbas do PAC, e quem sabe assim, ser concluído em algum momento. Enquanto isso, os 40 trens do VLT de Cuiabá podem virar sucata caso o repasse dos trens do VLT para a Bahia, não sejam concluídos.
- Goiânia (GO): Em Goiânia, o projeto de VLT começou a ser construído, mas foi paralisado. O governo do estado optou por substituir o VLT por um sistema de ônibus de trânsito rápido (BRT). Mas recentemente, em 2021, a Assembleia Legislativa de Goiás, voltou a discutir um projeto de VLT na região.
- Brasília (DF): Brasília tem projetos para a implementação de um VLT que pode conectar o aeroporto ao centro da cidade. O projeto ainda não avançou.
- Porto Alegre (RS): Em 2021, surgiu uma proposta de VLT para Porto Alegre planejada para melhorar o transporte na região metropolitana, mas o projeto ainda não foi adiante.
- Cascavel (PR): Em 2021, Cascavel buscava viabilizar um VLT ou VLP, mas o projeto ainda não teve avanços.
Maior Rede de VLT do Mundo
A maior dentre as maiores redes de VLT do mundo está localizada em Melbourne, Austrália. Com mais de 250 km de trilhos, este sistema é um exemplo de eficiência e integração com a vida urbana, servindo como um modelo para cidades em todo o mundo.
Diferenças entre Bonde e VLT
Pode-se dizer que o VLT é uma “evolução direta” dos antigos bondes presentes nas ruas das metrópoles em expansão no século XIX. Embora ambos operem sobre trilhos e sejam movidos por eletricidade, existem diferenças significativas entre bondes e VLTs:
Bonde
- Histórico: Surgiram no século XIX.
- Operação: Geralmente operam em rotas mais curtas.
- Tecnologia: Menos avançada comparativamente; foco no transporte local.
VLT
- Operação: Pode operar em rotas mais longas e com maior capacidade, por circular com mais carros na composição.
- Tecnologia: Inclui sistemas modernos de controle de tráfego e segurança.
Sistemas de Alimentação Elétrica do VLT
Os VLTs utilizam diferentes sistemas de alimentação elétrica, adaptados às necessidades e ao ambiente urbano:
- Catenária (fios aéreos): O mais comum, onde um pantógrafo no veículo se conecta a fios aéreos, conhecidos como catenária.
- Alimentação por solo: Tecnologia que permite a eliminação de fios aéreos, preservando a estética da área.
- Solar: Algumas cidades já habilitaram veículos para funcionar com energia solar, como é o caso do estado de Victoria, na Australia que habilitou VLT para funcionar com energia solar.
- Fontes renováveis: O Rio de Janeiro habilitou o VLT carioca para funcionar com fontes de energia renováveis, conforme informação da ANP-Trilhos (Agência Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos).
Estes sistemas são escolhidos com base em considerações técnicas, estéticas e ambientais, garantindo a integração eficaz do VLT no ambiente urbano.
Qual o futuro do VLT?
Embora difícil, já é possível vislumbrar algumas evoluções possíveis do futuro do VLT. Algumas das principais mudanças se referem à alimentação energética e ao eixo de movimento.
Recentemente a fabricante de trens chinesa CRRC (China Railway Rolling Stock Corporation) apresentou um modelo de VLT chamado “super virtual (SRT3.0)”, ou como ficou conhecido, VLT chinês sem trilhos.
O VLT pode operar nas ruas com uma trajetória pré estabelecida virtualmente.
Além disso, o modelo de VLT é alimentado a bateria e pode deslocar-se por 25 km com uma carga de energia de apenas 10min, e também pode ser convertido para operar com alimentação a hidrogênio.
Vale a pena escolher e investir no VLT como modal de transporte?
O VLT representa uma solução robusta e sustentável para o transporte público urbano. Comparando-o com outros modais, é possível identificar que cada um possui suas particularidades que os tornam adequados para diferentes cenários urbanos.
Ao considerar a implementação de um novo sistema de transporte, é essencial analisar as necessidades específicas da cidade, a capacidade desejada e o orçamento disponível.
Quer saber mais? Inscreva-se no canal do ViaTrólebus no Youtube.