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Expresso Tiradentes: podemos considera-lo modelo de transporte?

As promessas faraônicas dos gestores públicos geralmente se traduzem em obras sem pé e cabeça, ou então em algo que não se concretiza. Na cidade de São Paulo nos anos 90, o fura-fila ganhou os jingles políticos do até então candidato e depois prefeito, Celso Pitta.

É bem verdade que o sucessor de Paulo Maluf não entregou o sistema de transporte, que só passou a levar passageiros em 2007 na gestão de Gilberto Kassab. O projeto sofreu mudanças, onde nos anos 90 eram previstos trólebus biarticulados com guiagem. Mas o conceito de um corredor de ônibus segregado e com embarque antecipado, que pode ser chamado de um legítimo BRT (Bus Rapid Transit), de fato está presente no Expresso Tiradentes.

Ou seja, a “promessa faraônica” no fim das contas deu certo e hoje serve de modelo para os demais corredores da cidade e porque não da região metropolitana de São Paulo? Na comparação entre o Expresso Tiradentes e o corredor de trólebus do ABD, ainda que um tenha o papel radial, que liga os bairros ao centro, e o corredor administrado pela EMTU tenha uma função metropolitana, na conta de “transportar pessoas” o segundo fica devendo em alguns quesitos para o antigo fura-fila, o primeiro com quase nenhuma interferência externa de veículos e as benditas paradas fechadas, com pagamento antes do embarque.

Renato Lobo | Via Trolebus

Já na comparação do Expresso Tiradentes com os demais corredores da capital paulista, seria quase uma utopia imaginar que todos os eixos fossem transformado em BRTs de classe ouro, principalmente pelo espaço urbano. Mas o corredor que passa pelo tampão da Avenida do Estado pode ser considerado como um conceito. Por exemplo, que bom seria se todo o corredor ou até a faixa exclusiva de ônibus tivesse embarque antecipado? Ou então se as vias dos transportes tivessem a segregação do Expresso Tiradentes, e nesse ponto não é necessário exatamente uma barreira física. Existem meios de fiscalização para tal.

No fim das contas o fura-fila nasceu anos depois de uma promessa que poderia ter sido seguido a risca, quando eram previstos 150 km de corredores como este.

Renato Lobo | Via Trolebus

Atualmente o corredor conta com um time de oito técnicos que atuam na operação. Além da equipe da SPTrans, são 217 funcionários terceirizados distribuídos entre manutenção, limpeza, vigilância, administração e operação. Quanto aos dados de cobradores, motoristas e fiscais, são 198 profissionais da empresa Via Sudeste.

Com relação à quantidade de passageiros, cerca de 35 mil passageiros embarcam no Expresso Tiradentes por dia útil, segundo dados de maio de 2022.

Renato Lobo | Via Trolebus

Sobre a frota, ela é dividida da seguinte forma:

5105-10 TERM. MERCADO / TERM. SACOMÃ – Frota de 10 veículos articulados (23m)
5109-10 TERM. MERCADO / TERM. VILA PRUDENTE – Frota de 2 veículos articulados (23m)
5110-10 TERM. MERCADO / TERM. SÃO MATEUS – Frota de 55 veículos articulados (23m)

Mas a robusta estrutura foi alvo de críticas por parte de urbanistas, e a crítica vale também para o carregamento. Na comparação, por exemplo, com o monotrilho da Linhas 15-Prata, o elevado do ônibus é mais largo do que o do monotrilho. O trem da Linha 15 pode levar 1000 passageiros, com intervalos de até 75 segundos, enquanto o superarticulado leva 220 passageiros com intervalo de dois minutos.

Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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