O projeto das ciclovias de São Paulo recebe críticas de todos os aspirantes ao comando da maior cidade brasileira, no entanto, grande parte deles não fala em desmontar as estruturas.
Desde meados de 2014 um dos temas debatidos na capital paulista no que diz respeito a mobilidade urbana foi a implantação das ciclovias. A atual administração do prefeito Fernando Haddad havia prometido em campanha eleitoral de 2012, a construção dos espaços para as bicicletas.
A medida gerou polêmica, ações judiciais, além de estar em pauta durante muitos momentos na imprensa. As opiniões daqueles que tinham em mãos a caneta ou o microfone eram das mais diversas. Alguns deles tomaram um víeis mais radical, questionando até o uso da bike, como o caso do consultor de transito Sergio Ejzenberg que declarou que a “bicicleta não é meio de transporte”.
Apesar do clima, pesquisas de avaliações sobre o projeto foram positivas, ainda que oscilaram para baixo. O instituto Datafolha chegou a pontuar 80% de aprovação, e depois o índice caiu para 56%, em novembro do ano passado. “Não conheço política pública no Brasil com 60% de aprovação. Normalmente, a aprovação é de 30%. Pesquisas oscilam”, disse o prefeito na ocasião.
Disputa eleitoral
Como de praxe, a disputa eleitoral dos pré-canditados à frente da maior cidade brasileira, entre os grupos que visam o lugar onde hoje ocupa um político do Partido dos Trabalhadores, toma como caminho o da negação referente a implantação. No entanto, a maior parte deles não se mostra favorável ao desmonte das ciclovias.
É o caso da ex-prefeita Marta Suplicy, que ocupou o cargo à frente da cidade quando estava no partido do atual prefeito, mas que desde 2015 se filiou ao PMDB. Marta critica a forma com que a atual gestão implantou as vias para as magrelas. “É açodado, rápido, decidido, ‘tem que fazer, tem que fazer’, mas sem planejamento”, disse Marta a rádio Jovem Pan.
A mesma postura é adotado pelo pré-candidato do PSDB, João Dória. Na visão dele, a implementação de centenas de quilômetros de ciclofaixas foram feitas “sem planejamento”. “Não sou contra a ciclofaixa nem à utilização da bicicleta como meio de transporte e lazer”. O empresário e apresentador de TV questiona ainda o custo de implantação das estruturas. As declarações também foram dadas na rádio Jovem Pan.
“Estou mais próximo a um Michael Bloomberg, que mostrou que eficiência de gestão no setor privado pode ser reaplicada no setor público”, diz ainda o empresário. Bloomberg foi prefeito de Nova Iorque, e em sua gestão implantou 450 km de ciclovias nos mesmos moldes das de São Paulo.
Já o apresentador Celso Russomano questiona a estrutura dos espaços. “A gente tem ciclovias e ciclofaixas cheias de buracos. Pintadas. Elas não foram feitas como as que a gente vê na Avenida Paulista. Existem lugares como a Alemanha, onde as ciclovias e ciclofaixas são maravilhosas. Aqui você tem situações esdrúxulas, em rua que começa do nada e termina não sei aonde”, disse o deputado em entrevista a Rede TV.
O pastor Marcos Feliciano afirmou que o poder público esta distante da população, no que diz respeito as ciclovias. “Tem sido assim com toda a questão da mobilidade urbana, com as ciclovias, a redução das velocidades máximas em todas as vias. Quero respeitar o trabalhador da família paulistana, o que não tem ocorrido atualmente.”.
O defensor da “cura gay” disse também que se “desfizer metade do que o PT fez em São Paulo nos últimos anos a população vai construir uma estátua para mim.”
A ex-prefeitura Luiza Erundina, que também deve concorrer a vaga, disse que o projeto reduz as soluções para o setor. “Não vamos achar que esse prefeito está resolvendo as coisas porque está fazendo ciclovias e faixas de ônibus”, em entrevista ao portal IG.
O ex-tucano e pré-candidato do PSD, Andrea Matarazzo, chegou a direcionar as criticas aos ciclistas. “O ciclista em São Paulo se acha intocável. Acha que pode tudo”, durante entrevista ao jornal “El País”.
O pré-candidato da Rede Sustentabilidade, Ricardo Young, durante o processo de implantação da ciclovia da Avenida Paulista elogiou o prefeito Haddad, em carta aberta.
Sobre falta de planejamento
Apesar da fala unanime dos pré-candidatos direcionada a uma possível falta de estudo e planejamento, a justiça deu aval ao projeto da atual gestão.
Em julho de 2015, o Tribunal de Justiça de São Paulo, após julgar liminar que pedia a paralisação da implantação das ciclovias, considerou que as estruturas não estão sendo feitas sem avaliações ou estudos técnicos. O desembargador Marcos Pimentel Tamassia, da 1º Câmara de Direito Público, considerou que as vias “não estão sendo feita a esmo e sem qualquer estudo, como diz parecer o Ministério Público”.
“Não há como se entender como leviana ou ilegal a opção do governo municipal pela implantação dos 400 quilômetros de ciclovias ou mesmo vê-la como uma suplantação dos interesses da Administração sobre os interesses dos administrados de modo suficiente a determinar sua interrupção”, escreveu o magistrado.
Por outro lado, no que diz respeito ao pavimento das vias para ciclistas, um estudo divulgado pelo Instituto de Políticas de Transporte de Desenvolvimento (IPTD), uma entidade internacional, apontou há “falhas pontuais” nas ciclovias da capital paulista.
Dentre os principais problemas citados, constam falta de sinalização, vias arteriais sem nível de segregação entre bikes e outros veículos e buracos e traçados pouco lineares.
“quem apostou contra, até aqui perdeu”, disse o prefeito Fernando Haddad, comentando sobre as ações judiciais contra uma de suas bandeiras de campanha.