Com a redução da velocidade máxima em vias da capital paulista, aumentou o número de reclamações e especulações sobre a tal “Industria da Multa”, apontada por pessoas que defendem esta hipótese como o principal motivo da medida.
É até compreensível o sentimento que alguns motoristas tem, visto o volume de arrecadação oriundas das multas em comparação ao serviços públicos prestados e condições de equipamentos do viário, como a péssima situação do pavimento, por exemplo.
Mas, na contramão desta percepção, uma pesquisa mostra que muitas infrações cometidas por motoristas, se quer é notada por agentes da CET ou registradas por radares econômicos. A pesquisa de segurança no trânsito realizada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), com o apoio do engenheiro Horácio Augusto Figueira, mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), aponta que para cada 4.416 infrações cometidas, apenas uma multa é aplicada. Ou seja, a suposta “industria da multa” seria pouco eficiente.
Na projeção das infrações registradas no estudo para os mais de 16 mil cruzamentos da cidade, durante os 365 dias do ano, São Paulo concentra 46,8 bilhões de infrações cometidas a cada 12 meses, 10,6 milhões por hora. Em todo o ano de 2014, foram aplicadas 10,6 milhões de multas.
“Quando a gente fala que existe a indústria da multa, eu costumo brincar que ela está na idade da máquina a vapor, enquanto a indústria de infrações está na velocidade da luz. [O número de 4.416 infrações] parece grande, mas se dividirmos pelo número de dias e pelas horas que os motoristas circulam, chegamos em 15, 20 infrações por hora, o que é real. O motorista médio infrator comete de 10 a 20 infrações por hora”, afirmou Figueira
O estudo analisou 20 cruzamentos da cidade, em todas as regiões nos dias úteis e aos finais de semana. Dos 15.370 veículos observados em um período de 75 horas, 8.521 cometeram alguma infração, que corresponde a 55,44%. Ou seja, um a cada dois motoristas cometeu infração de trânsito.
As infrações registradas foram as seguintes: ausência de seta em conversões, não uso de cinto de segurança, uso de celular na direção, avanço sobre a faixa de pedestres, avanço diante do semáforo vermelho, falta de capacete, dirigir com o braço para fora do veículo e desrespeito à sinalização de “Pare” em cruzamentos não semaforizados.
Principais infrações
Cruzamentos com semáforos:
– não uso da seta: de 26,13% a 39,75%, a depender do dia;
– não uso de cinto de segurança: de 7,37% a 16,06%;
Proporcionalmente, os veículos que mais cometeram infrações foram motos (de 69,68% a 84,62%), seguidos de caminhões (de 60,71% a 85,71%).
Cruzamentos sem semáforos:
– ausência de setas: de 52,11% a 61,25%;
– desrespeito à sinalização “Pare”: de 18,69% a 28,37%;