Trem de Carga

Novas locomotivas da MRS quadruplica a capacidade de movimentação de cargas entre SP e Santos

De olho no Ferroanel, a MRS aumentou a capacidade de escoamento do eixo São Paulo – Santos. Esta semana foram recebidas locomotivas com sistema especial de engrenagens e motores que permitem a travessia da Serra do Mar, acesso ao Porto de Santos. Chamada de “cremalheira”, as locomotivas são fabricadas pela suíça Stadler. Elas freiam as composições na descida e alavancam na subida da serra. O sistema quadruplica a capacidade de movimentação de cargas do trecho, passando de 7 milhões de toneladas anuais para 28 milhões de toneladas anuais.

“Agora teremos que captar mais cargas, mas vamos ficar com capacidade ociosa até a construção do Ferroanel que vai possibilitar o aumento do transporte de cargas, além de viabilizar o transporte entre a região de Campinas e Santos”, diz o presidente da MRS, Eduardo Parente ao jornal “Valor Economico”. Os investimentos nas novas máquinas chegam a R$ 130 milhões.

Com o Ferroanel, Parente afirma que a distância ferroviária entre a região de Campinas e Santos ficará em 180 quilômetros, a mesma que a rodoviária. Hoje a ligação ferroviária entre as duas cidades paulistas chega a 280 quilômetros. O Ferroanel vai facilitar ainda a travessia de cargas por São Paulo, onde hoje utiliza as mesmas linhas férreas que os trens da capital paulista, só podendo fazer o transporte à noite. O trecho que corta São Paulo é operado pela MRS, enquanto o Ferroanel será concedido por meio de leilão previsto para julho.

“Acompanhamos o processo. Vamos ver se seremos permitidos operar esse trecho e as condições para decidir se vamos participar”, diz o presidente da MRS. Parente garante que a empresa ganha com o projeto já que o contorno ferroviário possibilitará a chegada de mais cargas à linha férrea. “Haverá conexão com o resto do Brasil. Além disso, será possível o transporte de contêineres na região de São Paulo, impossível hoje já que utilizamos a mesma linha de passageiros que tem sistema elétrico diferente”, afirma.

A MRS já realizou estudos da parte norte do Ferroanel e afirma que estudos para o trecho sul dependem do governo federal. “Esse trecho se torna viável com a ligação até Rio Grande (RS)”, afirma.

A MRS investe ainda outros R$ 160 milhões para a “Segregação Leste”, que prevê a duplicação da ferrovia entre Itaquaquecetuba e Suzano, possibilitando linha exclusiva para cargas. Hoje o trecho é dividido entre o transporte de cargas e passageiros.

A empresa estuda ainda uma fase dois do transporte pela serra. O projeto seria viabilizado com a garantia de mais cargas – após a conclusão do Ferroanel – e  prevê a chegada de mais duas locomotivas com sistema cremalheira, com operação cruzada, em que a energia liberada para a descida dos trens na serra é aproveitada para a subida de outro trem.

Por Renato Lobo, com as informações de “Valor” | Imagem de Carlos Eduardo

Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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