A frase “vamos transformar a CPTM em um metrô de superfície” frequentemente volta a tona nas campanhas e discursos políticos, como tentativa de “elevar” o padrão de uma das maiores operadoras da américa latina, que completa neste sábado (28), 30 anos de existência.
Mas afinal, pode considerar então o serviço da operadora de cinco linhas na Região Metropolitana de São Paulo e Jundiaí, como um serviço de metrô a céu aberto?
A empresa nasceu da aglutinação de outras operadoras, como a CBTU e Fepasa, e de fato as cenas que eram vistas na década de 90, como trens com portas abertas diuturnamente, intervalos grandes no pico de até 20 minutos, os surfistas de trem e composições antigas, ficaram realmente lá nos anos 90. A companhia conta com uma das frotas mais novas do país, mais inclusive que a do Metrô de São Paulo, este com um número considerável de composições reformadas.
Ao mesmo tempo, a empresa ainda tem problemas em sua operação, e não é raro se deparar com comentários nas redes sociais de passageiros pedindo o metrô em locais onde já há a CPTM. Também não é raro observar o passageiro relatando lentidão nos serviços, e a operadora não relatando em seu site a anormalidade. No final de semana, o intervalo médio das linhas é de até 35 minutos.
Passados os 30 anos, o que se vê é uma empresa com contradições. A mesmo operadora que conta com um trem que no lugar dos horrendos mapas em adesivo em cima das portas, possui monitores com projeção, é a mesma que tem mapas da rede de 2013. A operadora que oferta um serviço que possibilita o usuário ir em 30 minutos do centro até as proximidades do Aeroporto de Guarulhos, é a mesma que conta com vãos distantes entre trens e plataformas. Somente em 2020, por exemplo, 156 pessoas caíram nestes espaços.
Mas voltando a pergunta inicial, se a CPTM é de fato um serviço de metrô, a resposta é sim e não. Sim, se for comparada com metrôs mundo a fora, como em Nova York que tem linhas com intervalos superiores a da CPTM no horário de maior movimento. Se comparar com o intervalo em São Paulo, a empresa perde para o metrô paulistano. Sim também vale pela forma de transportar as pessoas, com atendimentos em estações próximas uma das outras.
E não porque a talvez seja um erro tal comparação por suas características e peculiaridades. A operadora cumpre sua função de transportar os passageiros em um conglomerado de cidades. Com R$ 4,40 é possível ir de Jundiaí até Rio Grande da Serra, inclusive no mesmo trem, em uma viagem que dura mais de 2 horas e percorre mais de 100 quilômetros.
Em tempos de crise econômica e combustíveis caros, a CPTM cumpre seu papel social de transportar pessoas, sendo uma parte delas, aqueles que foram empurrados para as áreas mais distantes. A empresa, portanto, ainda percorre caminhos de melhorias para seu propósito, que é transportar pessoas em uma das dez maiores regiões metropolitanas do mundo.