Por Luisa Feyo Guimarães Peixoto*
De acordo com a pesquisa OD de 2017, recentemente publicada pelo Metro de São Paulo, o número de paulistanos que combinam mais de um modal na mesma viagem aumentou. Passou de 34% em 2007 para 38% em 2017. No entanto, utilizar mais de um modal para tornar a viagem mais eficiente é um hábito cada vez mais recorrente e, devido à certas evidências, acreditamos que este número já deve ser muito maior em 2019.
Em 2017, cerca de 4% dos ciclistas combinava este modal com outro tipo de transporte. Já em 2019, a pesquisa feita pela Instituição Transporte Ativo demonstrou que 31% dos usuários de bicicletas em São Paulo a combinam com outro meio, quase o dobro da média nacional (18% – OD 2017). Além disso, o uso de bikes compartilhadas cresceu em 1407% nos últimos três anos. Esses números demonstram a rápida mudança de cultura, demanda e absorção dos modos compartilhados no dia a dia.
Segundo uma pesquisa com usuários de patinete e bicicleta, conduzido pela Grow, cerca de 57% das viagens de bicicleta e 37% das viagens de patinete são integradas com outros modos de transporte. Entre os ciclistas, 30% combinaram sua viagem com o metrô, 16% com o trem e 21% com o ônibus. Das viagens de patinete, 16% integram com trilhos e 10% com ônibus. Analisando os dados da Tembici, 40% das viagens feitas tem origem ou destino em uma estação de bicicleta próxima ao metro ou terminal de ônibus. No entanto, apenas 100 das 800 estações de bicicleta estão localizadas próximas a estas infraestruturas, demonstrando o forte uso integrado dos modais.
Os sistemas de transporte compartilhados são essenciais para a promoção da integração modal. Eles conferem flexibilidade e liberdade para que cada indivíduo possa combinar e utilizar os modais da maneira que melhor atendam suas necessidades.
Adquirir um automóvel, sonho de muitos brasileiros, implica gastos fixos com impostos, seguro, garagem e manutenção periódica, que acabam orientando a decisão e escolha prioritária por esse modal. O compartilhamento de carro ou táxis por aplicativo podem ser úteis para percursos de longa distância e sem a oferta de transporte coletivo. No entanto, quando a necessidade é economizar, realizar um trajeto mais curto ou até mesmo fugir do engarrafamento, o transporte coletivo e a bicicleta podem ser a melhor opção.
A intermodalidade (combinação eficiente entre diferentes modais de transporte) aumenta a acessibilidade, o conforto e a praticidade dos deslocamentos urbanos. Por exemplo, combinar a bicicleta com o transporte coletivo aumenta, em geral, cerca de 3 vezes os níveis de acessibilidade a um sistema de transporte, uma vez que uma pessoa de bike consegue percorrer a uma distância maior que um pedestre em cerca de 1 terço do tempo.
No entanto, a combinação de modais só funciona através de uma informação precisa e confiável sobre sua viagem e uma infraestrutura urbana que facilite essa integração, já que trocar de modal no meio do percurso pode trazer insegurança ao usuário. Para ter informação suficiente que garanta que toda a rota será realizada com sucesso é necessário alto nível de tecnologia, contando com a utilização de Big Data em tempo real, inteligência analítica para as rotas e variáveis, além da capacidade de transmissão mobile.
*Luisa Feyo Guimarães Peixoto é Analista de Relações Institucionais da Quicko, startup de tecnologia em Big Data para Mobilidade Urbana