CPTM

CPTM pode ser considerada um Metrô de superfície?

A frase “São Paulo precisa de mais Metrô” é frequentemente usada por especialistas em transporte e mobilidade, e até por passageiros que discutem sobre os problemas de deslocamento na maior cidade brasileira.

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A capital paulista conta com 96 km de trilhos, entre linhas convencionais de metrô e monotrilho. Há pelo menos 20 km em execução.

Porém, o município conta com pelo menos outros 130 km de trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM.

Durante décadas, os serviços entre o Metrô e o trem foram distinguidos por conta da qualidade na operação. Até a década passada, havia intervalos superiores a 10 minutos em horários de grandes movimentos. O Expresso Leste [Luz – Guaianases] por exemplo, tinha intervalos de 7 minutos nesta época. Já a Linha 10-Turquesa tinha intervalos de 12 minutos nos anos 90 em pleno horário de pico.

Salto na qualidade da CPTM

Em 1996, a rede da CPTM transportava 835 mil passageiros por dia. Em junho deste ano a companhia bateu novo recorde, quando transportou mais de 3 milhões de pessoas utilizaram as composições em suas 7 linhas.

Novas estações, e a renovação da frota, além da diminuição do intervalo, elevaram o patamar de qualidade da companhia, ainda que muitos usuários se queixam dos serviços prestados.

Passados os anos, e com o aumento na qualidade dos serviços, com novos trens e diminuição do intervalo, podemos dizer que a CPTM é um Metrô de superfície? Depende! Tecnicamente não há diferença. O uso dos sistemas e a forma como transportam passageiros  pode diferenciar os dois termos.

Em cidades pelo mundo, trens metropolitanos são usados para transportar pessoas de diferentes cidades de regiões metropolitanas, enquanto o metrô opera em áreas mais centrais.

O Via Trolebus listou alguns temas comparando os dois meios de transportes em São Paulo:

Intervalo entre trens

O intervalo na linha 3-Vermelha no pico é de 1 min 14 seg, segundo este levantamento. Já nas linhas 9-Esmeralda e 11-Coral, a frequência dos trens pode chegar a 4 minutos, sendo os dois ramais com os menores intervalos da companhia, segundo dados da própria CPTM.

No entanto, em comparação com outros sistemas pelo mundo, a CPTM pode se equiparar a serviços metroviários. Segundo artigo do site “Archdaily“, a rede de Metrô de Berlin conta com intervalos de 5 a 10 minutos, e em Nova York, com frequência de trens de 2 a 5 minutos nas horas pico.

Linha 11-Coral da CPTM. Intervalos no pico de 4 minutos. Foto: Renato Lobo

Distância entre as estações

Na rede metroviária, o espaço entre as estações é em média de 1 a 1,5 km, com algumas exceções. Já na CPTM, as distâncias entre as estações variam. Na linha 10, por exemplo, a distância entre Mooca e Ipiranga é de 3 km. Já na Linha 12 entre Engenheiro Goular e Tatuapé, a distância é de 8 km.

Já na Linha 9-Esmeralda, a distância entre Granja Julieta e Morumbi, e Hebraica Rebouças e Pinheiros, é um pouco mais de um quilômetro, tornando a operação da ferrovia da marginal bem similar a um sistema de metrô.

Estação Santo Amaro – Linha 9-Esmeralda da CPTM | Foto: Renato Lobo

Acessibilidade

100% das estações do Metrô possuem acessibilidade. Já na CPTM, cerca de 40% das estações não oferecem estruturas adequadas para todos os passageiros, de acordo com reportagem do Diário do Transporte.

Qualidade dos trens

O que diferencia um sistema de metrô ou de trens, não é pela qualidade das composições. Levando em consideração o nível de conforto por conta de ar condicionado, ambos os sistemas possuem qualidade similares.

Grande parte da frota da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos contam com ar condicionado. De cerca de 211 trens, cerca de 8% não possuem o equipamento, e estas composições devem ser aposentados em breve. Já no Metrô, contando as operações privadas e monotrilho, dos 232 trens, apenas 11 não possuem ar condicionado, representando 5% da frota.

Falhas

As duas companhias apresentaram aumento de falhas em 2017. Em comparação com 2016, o número de panes no metrô no ano passado aumentou 29%. Os dados foram obtidos pela GloboNews. Na CPTM, o intervalo entre uma falha e outra diminuiu 15% em 2017, segundo um levantamento, o que significa também um aumento no número de panes.

Foto: Teotonio Mariano

 

Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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