Em menos de um mês, duas publicações americanas teceram elogios ao prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, por conta de políticas públicas voltadas a mobilidade.
Na mais recente, o “The New York Times”, relatou que prefeito fez um “tratamento de choque urbano”, e que foi o único administrador da cidade que, em décadas, desafiou a “supremacia do automóvel”. A reportagem cita a diminuição da velocidade máxima, e criação da malha cicloviária, e a priorização dos ônibus com as faixas exclusivas.
Em 23 de setembro o “The Wall Street Journal” disse em publicação que “se o prefeito altamente impopular de São Paulo, Fernando Haddad, fosse o chefe de São Francisco, Berlim ou alguma outra metrópole, ele seria considerado um visionário urbano”. Haddad também recebeu elogios da prefeita de Paris.
Se por um lado, Haddad ganha elogios em jornais do exterior, em São Paulo é muito comum a publicação de editoriais que não dão a mesma tratativa. Em um texto publicado no Uol desta segunda, é questionado a forma com que os empresários devem ser remunerados na matéria intitulada “Ao não punir mau serviço, São Paulo protege empresas de ônibus em edital“.
No mesmo dia, a Folha de São Paulo publica um texto questionando a sinalização semafórica e de vigilância, no texto “Haddad amplia multas, mas ‘olhar’ sobre o trânsito piora“. Sempre junto da noticias que menciona ampliação de multa, nas entrelinhas surge a ideia da tão falada “industria de multa”.
Alguns canais ainda fazem uma oposição mais dura ao prefeito. Basta uma acessada rápida nos sites da rádio Jovem Pan ou na Revista Veja, para comprovar o fato. Semanas atrás, o apresentador da Band, e possível opositor de Haddad nas eleições de 2016, José Luiz Datena, disse em pelo menos 3 minutos de seu programa que o prefeito fez ciclovias em vias perigosas, e que pessoas estão morrendo por causa disto. “Prefeito pintor”, se referiu a Haddad, o apresentador em outra ocasião criticando as faixas de ônibus e bicicletas.
Neste final de semana o próprio prefeito concedeu entrevista ao jornal “El Pais“, a ao ser perguntado sobre uma esperança de que sua popularidade aumente com os elogios, Haddad diz “se você tem um projeto em que acredita, use o seu mandato para executar esse projeto. Porque se você depender dessa instabilidade de humores, vai se desviar do seu objetivo central, que é deixar um legado para a cidade.” “Oposição em SP chega ao ponto de chamar ciclista de comunista”, diz o prefeito.
Haddad ainda respondeu a suposição de que a redução do trânsito e acidentes seria frutos da crise econômica. “Você está perguntando para mim como eu lido com a mentira? Faço uma política de redução de danos que é um exemplo internacional e uma pessoa vem com uma crítica dessas? Essa pessoa não está fazendo política, está rastejando. A única cidade que diminuiu a lentidão no Brasil foi São Paulo. A crise só existe em São Paulo? Essa crítica rasteira está em voga hoje. Mas eu não posso lidar com esse tipo de sentimento, com esse grau de destrutividade. Essa pessoa não está querendo construir um país e uma cidade decentes. Essa pessoa está num nível de distúrbio que eu tenho que respeitar, mas recomendar tratamento”.
Talvez seja natural o clima mais acirrado às vésperas de um ano leitoral, onde os simpatizantes comemoram as menções na imprensa internacional, e os opositores fomentam suas ideias por meio dos editoriais diários da chamada “grande mídia”. A problemática esta na crítica pela crítica, ofuscando a real discussão das ideias, dando corda as paixões ideológicas, acompanhado da novelização da política, onde é eleito o mocinho e o vilão, este último que governa única e exclusivamente para destruir o outro lado.