Mobilidade Urbana

Editorial: Estaria o paulistano menos dependente do carro?

A resposta é não. A cidade amarga longos congestionamentos, sendo que no último dia 25 de Agosto a capital paulista registrou recorde de vias travadas. Na verdade este título diz respeito a um terço das pessoas que se deslocam na metropole, mas que ocupam a maior parte do viário.

Na Semana da Mobilidade diversas associações divulgaram pesquisas, todas unanimes em uma direção: o paulistano está mais sensível as questões da mobilidade. Poucos anos atrás nem tanto quando por exemplo, assisitmos em silêncio o poder público construir uma ponte estaiada sem faixas para ônibus ou bicicletas, e quase que ilhada para pedestres. Sem falar da nova pista da marginal, que não reduziu o trânsito.

Bicicletas

A criação de novas ciclovias acabou de fato por gerar demanda, de adeptos às magrelas. Uma pesquisa da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, a Ciclocidade, junto com a ONG Transporte Ativo e o Observatorio das Metropoles revelou que 40% das pessoas que pedalam, iniciaram a atividade pelo menos de um ano para cá. Os dados revelam ainda que a maior parte (62%) anda mais de 5 km em seu deslocamento, e que a maioria (70%) usa a bicicleta 5 dias por semana.

O estudo revelou também que a renda do ciclista no centro expandido é distribuída. Ou seja: derruba o mito de que apenas pobres ou apenas ricos pedalam. A mesma Associação comprovou em estudo que o número de ciclistas na Paulista dobrou, desde a criação da ciclovia.

Outro levantamento feito pelo Ibope e Rede Nossa São Paulo mostrou que em 2007, 34% afirmavam que não usariam bicicleta em São Paulo “de jeito nenhum”; em 2014, eram 24% e, em 2015, são 13%”.

Faixas de ônibus

O programa que destina uma faixa para o transporte coletivo caiu no gosto popular: 90% das pessoas ouvidas pelo Ibope aprovam a ideia. No início da medida, muitos comerciantes e até motoristas questionaram o projeto.

Menos pessoas usando os carros?

A mesma pesquisa da Rede Nossa São Paulo diz ainda que caiu o percentual de paulistanos que usam o carro como meio de deslocamento. No universo abordado pelo estudo, 45% dos entrevistados diziam usar o carro diariamente. Em 2014 este índice estava em 56%.

Os dados mostrados acima talvez destoe do senso comum, quando ainda nos deparamos com o cenário atual. Mas é inegável que temos um início de mudança de cultura, onde a população cai em si que a priorização do transporte individual acaba sendo um mau negocio, inclusive para as pessoas que enxergam no carro, como única forma de se locomover.

Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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