Todos sabem que os grandes causadores da lentidão no trânsito são os carros. E o governo continua com bons incentivos para quem quer ter o automóvel. De acordo com dados divulgados nesta semana pela Associação Nacional das Empresas Financeiras e dos Bancos das Montadoras, em setembro, o total de crédito para aquisição de automóveis cresceu 13,3% em relação ao mesmo mês de 2010. O Crédito Direto ao Consumidor, uma das modalidades de financiamento, registrou alta de 33,3% em comparação a setembro de 2011. “Antes o diferencial para o brasileiro era ter a alimentação saudável, hoje, além de comer bem, é ter um carro”, argumenta Silvestre em entrevista ao Diário do Grande Abc.
Após a compra do carro chega a hora dos custos para mante-lo. Seguro, IPVA, estacionamento, manutenção, gasolina, depreciação e até multas caso o motorista não ande dentro dos conformes do código brasileiro de trânsito. O consultor financeiro da Dinheiro em Foco, de São Paulo, Ricardo Fairbanks mostra cálculo que ajuda a descobrir se vale a pena ter carro ou usar meios alternativos para chegar ao destino desejado, como táxi e transporte público, por exemplo. “Durante um ano, o proprietário desembolsa, em média, 32% do valor de mercado do carro com gastos que vão desde o combustível à manutenção”, comenta o consultor.
O único item que não entra na conta é o financiamento. “Algumas despesas são iguais independentemente do valor do automóvel, caso do estacionamento”, comenta. De acordo com o consultor, quem tem automóvel no valor de R$ 30 mil, por exemplo, desembolsa, em média, R$ 991 por mês. O montante deve ser comparado ao custo de usar o táxi. Quem percorre 30 quilômetros por dia, por exemplo, em 22 dias gastaria R$ 1.650, valor maior que o custo para manter o veículo, claro, sem considerar o financiamento.
Por outro lado, se a pessoa utilizar por 11 dias o táxi e pelos outros 11 dias o transporte público, gastará R$ 825 de táxi e R$ 63,80 de coletivo (considerando que a passagem custe R$ 2,90 para ir e mais R$ 2,90 para voltar). O total é de R$ 888. Nos dois cálculos o preço da quilometragem do táxi foi de R$ 2,50.
Caro também para que não tem carro
Com o crescente número de carros, cresce a níveis históricos os congestionamentos. O passageiro do ônibus acaba pagando essa conta junto, já que fica preso nestas filas. Outro fator que se agrava com a priorização do transporte individual é o aumento da poluição. Estudos apontam que o transporte rodoviário por automóveis, ônibus e caminhões é responsável por 65% das emissões, sendo 63% devido ao uso da gasolina nos carros e óleo diesel e 2% pelo uso do gás natural automotivo.
Por Renato Lobo, com as informações de Diário do Grande