Neste ano foi inaugurada a Ponte Estaiada Governador Orestes Quércia, última obra a ser entregue como parte da ampliação da Marginal do Tietê. Aberta ao tráfego em 27 de julho, a travessia serve aos motoristas como uma ligação direta da Avenida do Estado à Marginal, no sentido Castelo Branco. Mas segundo informações da Agência Estado, está subutilizada. A via hoje recebe 10 mil carros por dia, a metade da demanda prevista.
De acordo com a Prefeitura, na hora mais movimentada, a ponte recebe 850 veículos, dados da CET. Segundo especialistas em trânsito, padrões internacionais de medição de tráfego apontam que a hora pico de uma via representa de 8% a 14% da circulação no dia. Ou seja, o fluxo na Orestes Quércia estaria entre 6 mil e 10,6 mil veículos. Foram gastos R$ 85 milhões para construção.
Uma das causas que inibiriam o uso da nova ponte, apontada por motoristas e especialistas em trânsito, é a rota de semáforos da Avenida do Estado: “Vale mais a pena rodar mais e pegar a Avenida Cruzeiro do Sul do que ficar parado no trânsito”, afirma o bispo evangélico Ovídio Prudente, de 51 anos.
Prudente conta que, quando vai pela Cruzeiro do Sul, leva cinco minutos até a Marginal do Tietê. Pela ponte estaiada, afirma levar até 15 minutos, embora o trajeto seja 1,4 km mais curto.
“Se ela viesse de uma via expressa, tudo bem. Mas a Avenida do Estado é toda parada, cheia de semáforos”, diz o consultor em engenharia de tráfego Horácio Augusto Figueira. “Com esse dinheiro, daria para construir um corredor de ônibus de 10 km para 300 mil pessoas/dia.”
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura informa que “a CET está efetuando a readequação nos tempos dos semáforos para aumentar a fluidez no trânsito” da região. Na nota, não é explicado se essa medida está relacionada ao tráfego na ponte.
Essa verba de R$ 85 milhões poderia ter sido usada em obras para melhorias do transporte público né?
Por Renato Lobo, com as informações de Agência Estado