A indústria automobilística brasileira começou 2025 com um ritmo acelerado de produção. Em fevereiro, as montadoras nacionais fabricaram 217,4 mil unidades, o maior volume para o mês desde 2019, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). Com isso, o acumulado do primeiro bimestre atingiu 392,9 mil unidades, representando um crescimento de 14,8% em relação ao mesmo período de 2024.
Exportações em alta impulsionam crescimento
Grande parte desse desempenho positivo está ligada ao aumento expressivo das exportações, que seguem uma tendência de crescimento desde o segundo semestre de 2024. Somente nos dois primeiros meses do ano, o Brasil exportou 76,7 mil veículos, um avanço de 55% em comparação com o mesmo período do ano passado. A Argentina foi o principal destino, absorvendo 62% desse volume, o que representa um crescimento de 172% nas exportações para o país vizinho.
Mercado interno também reage
No mercado doméstico, as vendas do primeiro bimestre alcançaram 356,2 mil unidades, o melhor desempenho desde 2020. Em fevereiro, a média diária de emplacamentos atingiu 9.248 unidades, um aumento de 19% em relação a janeiro. As vendas diretas foram o destaque, registrando uma alta de 39%, superando significativamente o crescimento do varejo.
Apesar do bom desempenho, um fator preocupa a indústria nacional: a crescente participação dos importados no mercado brasileiro. Atualmente, esses modelos representam mais de 21% das vendas, um nível que não era observado desde 2012. O presidente da ANFAVEA, Márcio de Lima Leite, defendeu a necessidade de aplicar o Imposto de Importação de 35% para todos os veículos, independentemente da origem ou tipo de motorizão, destacando a forte presença de modelos eletrificados chineses no mercado brasileiro.
“Dentro desse volume de emplacamentos, há de se destacar em forma de alerta a elevação contínua da participação de importados, que neste ano está acima de 21%. Desde 2012 não havia uma presença tão grande de modelos estrangeiros nas vendas, e boa parte dessa elevação se deve a veículos de fora do Mercosul, em especial os eletrificados chineses” Márcio de Lima Leite, presidente da ANFAVEA
Segmento de pesados também cresce
No segmento de veículos pesados, o setor de ônibus teve uma forte expansão no início de 2025. Foram 3,7 mil unidades emplacadas e 4,3 mil produzidas, um crescimento de 50% e 11%, respectivamente, em relação ao ano passado. A demanda foi impulsionada principalmente pelo programa Caminho da Escola e pelo reaquecimento do transporte municipal.
Os caminhões também registraram crescimento, com altas de 11% tanto na produção quanto nas vendas, impulsionadas pelas encomendas feitas durante a principal feira da América Latina no setor de transporte rodoviário de cargas (Fenatran), realizada em novembro de 2024. No entanto, o setor enfrenta um desafio: o aumento das taxas de juros, que pode impactar a procura por financiamentos e afetar os números nos próximos meses. Esse fator é particularmente relevante, considerando que o transporte de veículos no Brasil, que já utilizou trens no passado, atualmente depende quase exclusivamente de caminhões.
Perspectivas para 2025
O início do ano mostra uma indústria automobilística em retomada, impulsionada pelo bom desempenho das exportações e pela reação do mercado interno. No entanto, desafios como a concorrência com importados e os efeitos da política monetária sobre o financiamento de caminhões podem impactar o setor ao longo do ano. O investimento em infraestrutura logística também será essencial para manter a eficiência na distribuição de veículos, como demonstrado pela recente inauguração de uma concessionária estratégica da Scania na BR-277, voltada para atender rotas do Mercosul. As montadoras seguem atentas às condições econômicas e às medidas governamentais para manter o ritmo de crescimento em 2025.