VLT

VLT Carioca: não é só um projeto de transporte

Renato Lobo | Via Trolebus

Comum em países da Europa, os veículos leves sobre trilhos, conhecidos pela sigla de VLT, são uma versão moderna do bonde, e em um projeto ousado, o Rio de Janeiro trouxe a tecnologia, não apenas para o transporte de passageiros, mas também para revitalização do centro da cidade.

Foi uma escolha política, afinal de contas quem decidiu trazer o sistema para o Rio, precisou bancar a escolha e quebrar alguns paradigmas.

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A malha de transporte operada pela concessionária VLT Carioca conta com 3 linhas, que integram praticamente todos os outros meios de transportes, sendo o Metrô, Trem, o transporte aquático e ônibus.

O projeto foi inaugurado em uma data importante para a cidade, que foi a celebração das olimpíadas, e conversando com os cariocas, muitos admitem que não acreditavam que o modal de transporte sairia do papel.

Renato Lobo | Via Trolebus
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O VLT quebrou alguns pré conceitos, que vão muito além de um projeto que sairia ou não do papel, e que transporta hoje 80 mil passageiros por dia. Inédito no país, o pagamento da passagem é de forma espontânea, ou seja, o passageiro não encontra catracas dentro do veículo. É necessário validar o bilhete nos muitos validadores dentro dos trens. Segundo a empresa que opera o bonde moderno, o índice de calote é baixo.

Outra disrupção foi a convivência do VLT com os pedestres. Não há limites físicos entre o espaço que o trem ocupa e o passeio. Para que essa conivência fosse harmoniosa, a operadora precisou treinar os operadores, que eles não fossem apenas alguém que conduzissem o trem, mas que para que estes profissionais protegessem todos em sua volta.

A primeira equipe de operadores foi treinada na França, país de origem da fabricante dos trens e da tecnologia desse tipo de VLT, a Alstom. Posteriormente esses operadores treinaram as próximas equipes. E só o treinamento não é suficiente. É preciso acompanhar aquela que talvez seja a maquina mais complexa e complicada: a maquina humana.

Renato Lobo | Via Trolebus
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Todos envolvidos, sejam operadores ou não, que trabalham em postos ligados a condução de trens, são diariamente monitorados com bafômetro para não haver dúvida em relação a sua saúde e para que sua percepção do ambiente esteja sempre apurada.

Os operadores também contam com uma espécie de carteira de motoristas, e cada deslize pode render pontos. Há também fiscais nos trens, uniformizados e a paisana para acompanhar o dia a dia da operação.

O VLT carioca é ainda um dos poucos do mundo que não conta com rede elétrica aérea, e ainda assim é alimentado por energia elétrica. Graças a seu sistema APS (alimentation par lê sol ou alimentação pelo solo), a energia vem de um terceiro trilho, instalado entre os trilhos de rolamento do veículo. A alimentação ocorre apenas no trecho sob o trem. Significa que o sistema no solo só libera energia quando o trem passa. Isso foi pensado para que o VLT fossem inserido em um ambiente com prédios históricas, e os urbanistas agradecem.

Renato Lobo | Via Trolebus
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É claro que há intercorrências, como o acesso indevido de outros veículos que podem prejudicar a operação do meio de transporte que possui prioridade sobre os demais veículos. Os semáforos da região fecham assim que o VLT se aproxima dos cruzamentos. Mas para tentar diminuir o conflito dos veículos que não transportam quase ninguém no centro com o VLT, o poder público quer fazer valer as leis de trânsito, para que os contraventores possam ter a dor no bolso.

Renato Lobo | Via Trolebus
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Tudo isso traduz no maior paradigma quebrado pelo VLT Carioca, que é rodar pela cidade há sete anos sem nenhuma morte em um trânsito caótico. Voltando ao começo do vídeo, quando falávamos que muitos não acreditavam nesse meio de transporte em uma cidade Brasileira, talvez naquele momento o carioca precisou se acostumar com o VLT. Hoje, o meio de transporte pode traduzir o futuro da mobilidade, com a convivência pacifica entre a máquina e as pessoas nas ruas.

Vídeo no canal do Via Trolebus:

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Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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