Viajar na América do Sul por trem por longas distâncias é algo quase raro, se tratando de uma malha ferroviária que durante muitas décadas acabou sendo sucateada. Um dos poucos serviços é o chamado Trem da Morte, uma das 7 viagens de longa distância em trem na América do Sul. Essa linha férrea parte de Puerto Quijarro, na divisa com o Mato Grosso do Sul, até Santa Cruz de la Sierra, uma das principais cidades bolivianas.
Construída na década de 1950, a ferrovia do famoso Trem da Morte possui aproximadamente 640 km de extensão. Atualmente leva cargas e passageiros e é operada pela concessionária boliviana, Ferroviária Oriental S.A. A Bitola dessa ferrovia é métrica, ou seja, a distância entre os trilhos é igual a 1.000 mm.
O trajeto é utilizado por muitos mochileiros que vão em direção a Machu Picchu, no Peru, também chamada “cidade perdida dos Incas”, já que o serviço de trem parte da cidade que fica ao lado da fronteira com o Brasil, na cidade de Corumbá e vai até Santa Cruz de la Sierra, na rota até o famoso destino turístico.
Há uma ligação ferroviária entre os dois países, e recentemente a Bolívia procurou a Prefeitura de Corumbá com a intenção de ampliar a logística ferroviária.
Como é a rota do “Tren de la Muerte”?
O serviço é oferecido por três tipos de trens:
- Expresso Oriental;
- Ferrobus;
O mais clássico é o Expresso Oriental, que demora cerca de 17 horas de Puerto Quijarro a Santa Cruz de la Sierra. Esse veículo tem vagão restaurante e “carro snack”. Os carros têm televisão, música ambiente, luzes de leitura, banheiros químicos e ar-condicionado.
Há ainda o Ferrobus, com assentos tipo cama com reclinação de 170°. A viagem demora menos de 14 horas até Santa Cruz de la Sierra. Suas cabines são equipadas com ar-condicionado, televisão, música ambiente e banheiros.
Onde comprar passagem para o Trem da Morte boliviano?
Os interessados em conhecer essa famosa rota ferroviária, podem comprar passagens através dos seguintes meios:
- Site oficial Ferroviária Oriental S.A: A concessionária do trecho faz vendas online através do site ticketsbolivia.com – que apesar de ser um canal oficial, em abril de 2024, tinha a venda online desabilitada;
- Bilheteria das estações;
- Agências de viagem nas cidades de embarque/desembarque.
Opte sempre por comprar através de meios oficiais ou vendedores confiáveis e evite contratempos antes de embarcar.
Porque o “Trem da morte” tem esse nome?
Existe mais de uma teoria conhecida da origem do nome dessa rota ferroviária. Alguns dizem que o nome se dá por conta de uma epidemia de malária que afetou a população local e os trabalhadores durante a construção da ferrovia.
Outros dizem que o motivo seria devido às mortes de pessoas que decidiam viajar no teto do trem e acabavam caindo durante a viagem.
Fato é que, independente do motivo, o nome pegou e continua atraindo curiosos, mochileiros e entusiastas a se aventurar por essa rota no interior da Bolívia.
Como é por dentro do Trem da Morte ou Tren de la muerte boliviano?
Em 2019 o fotógrafo italiano Lorenzo Moscia contou em seu blog alguns detalhes de uma viagem que fez no trem em 2005. Ele relata alguns dos perrengues da viagem e também dos “desconfortos” que os passageiros conviviam nessa época:
“Em seus vagões proliferam o contrabando – de alimentos a motores de automóveis -, o tráfico de drogas, a prostituição encoberta e os problemas com a polícia.”
Moscia também conta que além da insegurança, também são comuns os problemas relacionados a qualidade do serviço na viagem realizada em 2005:
“Fazer a viagem segue sendo uma experiência dura. Os descarrilamentos, por exemplo, se dão com frequência.”
Moscia conta também como é a estrutura de pessoal que trabalhava no sistema naquela época:
“Há um fiscal de passagens, dois controladores, dois policiais e dois homens de roupa laranja que limpam os banheiros.”
Ele também relata que, apesar de existir essa equipe, durante a viagem noturna eles alertam para os riscos de viajar com as janelas abertas:
“Apesar de todo esse cuidado, em algumas paradas noturnas avisam para fechar as janelas porque do lado de fora existem pessoas que se enfiam por elas para agarrar o que estiver nas mãos dos passageiros.”
O fotógrafo Pato Nuño também disponibilizou essa foto do interior do trem durante a viagem:
Quer saber mais sobre o famoso Trem da Morte? Veja o vídeo do canal oficial ViaTrólebus no Youtube.
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