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Mobilidade Urbana

Bons e maus exemplos de estádios integrados com a mobilidade urbana

Os brasileiros sabem perfeitamente o que é ter um estádio em suas cidades, sejam os monumentais das grandes capitais como o Maracanã, Mineirão, Morumbi, Fonte Nova e vários outros, ou então os pequenos estádios do interior, charmosos e centrais.

De quatro em quatro anos a Copa do Mundo chega com novas construções que servem para mostrar o poderio do futebol, como ela possibilita que um país construa uma infraestrutura de bilhões de dólares para apenas um mês de competição.

Neste ano a Copa será no Catar e todas as atenções estarão voltadas para lá, ainda mais em um país que respira futebol como o Brasil. Além de torcedores, apostadores também vão estar focados nos gramados do país árabe e fazendo aposta artilheiro copa do mundo, quem irá vencer o torneio, quem estará na grande decisão e dando muitos outros palpites.

Nem precisa falar que dinheiro não é um problema no Catar, mas é interessante notar que o investimento em mobilidade urbana e soluções sustentáveis também teve seu espaço, inclusive com um estádio com 974 containers (e por isso seu nome Estádio 974), usando a brisa do mar para ventilar o ambiente e que será completamente desmontado após a Copa.

E no Brasil?

A Copa de 2014 fez o Brasil modernizar seus estádios e forçar clubes que nem tiveram seus estádios na Copa a também pensar em como oferecer experiências melhores para seus torcedores. Chegar ao estádio com comodidade obviamente faz parte dessa experiência.

Entretanto, mesmo com o investimento bilionário, estádios brasileiros ainda são de difícil acesso. Relatos recentes de torcedores e frequentadores do Mineirão são unânimes em apontar a dificuldade de chegar na região pelo enorme trânsito e falta de organização dele.

O problema costuma ser o mesmo das grandes cidades: a falta de transporte público integrado. O estádio do Morumbi por anos foi um problema para muitos torcedores do São Paulo, já que ele fica em um bairro afastado do centro expandido e até pouco tempo atrás não tinha um metrô próximo. Isso mudou completamente com a expansão da linha amarela e a abertura da estação São Paulo-Morumbi. Não é perfeito porque há uma distância de 1,4 quilômetro, que representa uma caminhada de 19 minutos, mas a melhora é sensível.

O ônibus é uma opção quase sempre presente para chegar nos estádios, mas que não soluciona problemas de locomoção por seu escoamento limitado, além de fazer parte do trágico trânsito das grandes cidades. O metrô e o VLT nesse sentido são mais eficientes.

Nesse ponto o Maracanã é de fácil acesso. É possível chegar ao estádio por múltiplas estações – como Maracanã e São Cristóvão – além do trem, BRT e ônibus.

Exemplos do exterior

A integração dos estádios com a mobilidade urbana depende muito da cultura local e como são solucionados os desafios encontrados. Nos Estados Unidos, por exemplo, é comum ver estacionamentos enormes, que chegam a ocupar mais terreno que o próprio estádio.

Por mais que o uso do carro seja parte da cultura do americano, essa solução não é a ideal para o Brasil – mesmo que nosso urbanismo seja muitas vezes copiado dos Estados Unidos – pelo gigantesco uso do espaço, a conscientização sobre o impacto do uso do carro no meio-ambiente e os altos custos cobrados pelo estacionamento.

O US Bank Stadium em Minneapolis é um exemplo disso. O moderno estádio construído para os jogos do Minnesota Vikings tem um VLT a poucos passos da porta do estádio, com conexão com diversas linhas para facilitar o escoamento.

Estádios modernos na Europa também pensam no transporte público como a principal solução, já que a limitação de espaço é considerável. Em Londres, os estádios de Tottenham e Arsenal estão perfeitamente integrados ao vasto metrô da cidade, além de outras opções como trens e ônibus especiais em dias de jogo.

Não é fácil facilitar a chegada de 50, 60 ou até 90 mil pessoas, como no Camp Nou em Barcelona, a um mesmo lugar de forma fácil e sem dores de cabeça. Por isso há que pensar em como o estádio se encaixa com o local, a cultura e as formas de mobilidade já existentes e privilegiar soluções que sejam rápidas, baratas e não impactem tanto o meio-ambiente.

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Via Trolebus