Nesta semana o governo estadual deu passos em direção oposta. Anunciou a licitação de obras do monotrilho da Linha 15-Prata até a Jacu-Pêssego e cogitou, por meio de um conselho, entregar o BRT substitutivo da Linha 18-Bronze para a Metra, em troca de prorrogação de sua concessão.
As estações Boa Esperança e Jacu Pêssego, do monotrilho da Linha 15-Prata, terão seus editais de projeto executivo e obras civis lançados na semana que vem, de acordo com o site do Metrô. Também será lançada a concorrência para o Pátio Ragueb Chohfi. A entrega das propostas será em março de 2021.
As duas novas paradas ficam após a estação Jardim Colonial, que está sendo construída e tem previsão de entrega para 2021.
Os últimos relatórios de empreendimento da operadora, disponibilizados mês a mês, indicam que o Metrô trabalha para entregar as duas novas estações em 2024. Mas o cronograma depende de recursos alocados pelo governo do estado.
Já o Pátio Ragueb Chohfi deve ajudar na logística de trens além de um incremento na frota. O eixo de transporte conta com 27 composições da frota M fabricadas pela Bombardier. No trecho entre Ipiranga e Jácu-Pêssego, a linha poderá ser operada com 46 composições.
O monotrilho da Linha 15-Prata enfrentou problemas no início da operação full time. No começo do ano, ficou quase 3 meses sem operar após parte de um pneu se soltar e cair sobre a Avenida Sapopemba. Mas nos últimos meses, a Linha 15 tem funcionado de forma satisfatória.
Já sobre a Linha 18 que também seria um monotrilho, durante reunião do Conselho gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas – PPP, do Governo do Estado de São Paulo, no último dia 10 de dezembro, mas que a ata foi divulgada apenas nesta sexta no Diário Oficial do Estado, os representantes debateram alternativas para a construção do projeto de corredor de ônibus do ABC, do tipo BRT (Bus Rapid Transit), que foi anunciado para substituir o monotrilho da Linha 18-Bronze.
Os representantes apresentaram basicamente duas propostas para que o projeto seja tocado pela iniciativa privada. A primeira seria incluir a construção do eixo de transporte em uma concessão conjunta da área 5 da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU.
Já a segunda, uma renovação do contrato com a Metra, que vence em 2022, e em contrapartida a construção do corredor e sua renovação por mais 25 anos. Ficariam a cargo ainda da concessionária o risco e a responsabilidade por todas as desapropriações necessárias.
As duas alterativas não se tratam de decisões, mas de alternativas propostas. Quando o projeto do BRT foi apresentado, falou-se na operação por meio de ônibus elétricos. A Metra já opera este tipo de transporte no eixo entre São Mateus-Jabaquara.
A nova via deve ligar o ABC a São Paulo, possuindo 17,3 km extensão, 20 paradas e 3 terminais, integrada à Linha 2 – Verde do Metrô (Estações Tamanduateí e Sacomã).
No ponto de vista do governo estadual, a hipótese de conceder o BRT para a Metra o livra de dois problemas, que a responsabilidade do empreendimento por parte da operadora, além da renovação do contrato no corredor ABD, o que não seria necessária uma nova licitação.
Mas no ponto de vista do passageiros há algumas questões que são alvo de criticas. Trocar o monotrilho pelo BRT significa que a malha metroferroviária no ponto de vista da tarifa não chegará tão cedo a regiões do ABC. Sobre a demanda dos dois meios de transporte, o governo do estado fala em 150 mil passageiros por dia. O número é constatado pelo CEO da concessionária que seria responsável pelo monotrilho, conforme reportagem do Metrô/CPTM, que fala que a demanda inicial seria em 320 mil e que no final da concessão chegaria em 480 mil passageiros.
O monotrilho correria por uma via exclusiva sem interferência externa, e se o governo quiser a mesma excelência no novo BRT, não poderá seguir o modelo atual operado no ABC, que já mostra sinais de saturação, com veículos lotados no pico, longas filas em terminais, diversos gargalos com interferência do trânsito de veículos. É difícil esperar que o novo BRT seja pelo menos parecido com, por exemplo, o Expresso Tiradentes.
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