A linha 13-Jade da CPTM liga a malha metroferroviária até o Aeroporto de Guarulhos, ou pelo menos na região. Fica distante quase um quilômetro do terminal de embarque mais próximo, que é o menos movimentando, e mais distante dos outros pontos mais demandados.
O Governo do Estado havia prometido uma ligação entre a estação Aeroporto Guarulhos e os terminais, em um sistema de people mover. Em 2019, o governador de São Paulo, João Doria, junto com representantes do Governo Federal, prometeu que a GRU Aiport iria construir a ligação, sem necessidade de transferência por ônibus como é atualmente. Até o momento nada aconteceu e o prazo de entrega de 2021 é agora totalmente inviável de ser cumprido.
Mas em um passado distante, antes mesmo do aeroporto ser o que é hoje, um trem chegava bem perto do local, inclusive próximo as pistas, algo impensável nos dias atuais.
Para contar essa história, temos que lembrar de outra: O Tramway da Cantareira ou Estrada de Ferro Cantareira, que foi uma ferrovia urbana de trens de carga e passageiros, que operou entre o bairro do Pari e a Cantareira (pouco além do atual bairro do Tremembé), além de um ramal que seguia até o município de Guarulhos. Iniciou suas operações no fim do século XIX e permaneceu ativa até 1965, quando foi suprimida pelo transporte rodoviário.
O meio de transporte foi construído em 1893 pela Comissão de Saneamento do Estado de São Paulo para o transporte de materiais que seriam utilizados na construção da adutora, que traria água do reservatório da Cantareira para o município de São Paulo em uma época em que os problemas de abastecimento na cidade eram frequentes e não conseguia acompanhar o crescimento da cidade.
Pouco a pouco, foram surgindo os ramais, entre eles o Ramal da Pedra Branca, que passava em frente ao Horto Florestal de São Paulo, e logo passou a ser chamado de Ramal do Horto. Também surgiu o Ramal Guapira.
Em 1915, esta ligação chegou até a Estação Guarulhos, no centro da cidade onde hoje é a Praça IV Centenário, e logo passou a ser chamado de Ramal de Guarulhos, fazendo terminal em Cumbica. Naquela época ainda não existia o Aeroporto Internacional de Guarulhos (inaugurado somente em 1985). Mesmo não sendo o trecho principal da estrada de ferro, foi considerado o maior em extensão com cerca de 20,7 km de trilhos, cortando os bairros do Jaçanã, Parada Inglesa, Tucuruvi, Vila Galvão, até adentrar o município de Guarulhos.
Uma das diversas razões da escolha das pistas de pousos em Guarulhos foi o fato do local ser servido por uma ferrovia, sendo que o projeto previa um prolongamento do Ramal de Guarulhos até a Base Aérea de Cumbica para trazer o material, principalmente pedras das pedreiras da Serra da Cantareira. A extensão da linha foi executada em 1942, porém a Estação Cumbica foi inaugurada apenas em 1947 após a conclusão da Base Aérea.
A estrada de ferro da Cantareira que teve uma das paradas imortalizada por Adoniram Barbosa, com a música Trem das Onze. Uma curiosidade sobre a parada é que o último trem a estacionar por ali partia às 20h30 — e não 23h como diz a letra do clássico samba. Porém, mesmo recebendo essa homenagem, acabou sendo demolida em 1966.
Entre as razões de sua desativação foi a constante queda no número de usuários transportados periodicamente pela ferrovia, que foi usada apenas por 2 mil pessoas em seus dias finais. Dessa forma, era praticamente impossível o Tramway da Cantareira manter o pagamento de todas as despesas envolvendo funcionários e manutenção, deixando sua operação totalmente inviável.
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