Multas, infrações e penalidades na carteira de motoristas nunca foram bem recebidos por grande parte daqueles que conduzem veículos no país. Muitos argumentam que a dita “industria da multa” teria como único e principal objetivo, subtrair valores desta fração da população.
Há questionamentos sobre os valores arrecadados e pouco que é investido na conservação das vias, onde este argumento faz sentido. No entanto, uma questão muito mais urgente e vital é pouco é debatida: vidas perdidas no trânsito.
Ainda que o Brasil vem registrando queda, o número de óbitos ainda é alarmante. Segundo levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária, foram 47 mil mortos em decorrência de acidentes automobilístico em 2017. Já os sequelados, passam de 400 mil.
Por mais que exista objeções na fiscalização da conduta de alguns motoristas, não há hoje notícias de um método de fiscalização que seja mais eficaz do que a canetada, tão temida e odiada por tantos. Em São Paulo, por exemplo, após o início da fiscalização por excesso de velocidade, o número de mortes por 100 mil habitantes caiu de 22,2 para 16,7 no ano de 1998.
O governo do presidente Jair Bolsonaro completou 100 dias, e pouco se viu sobre campanhas ou medidas para que este cenário de mortes seja revertido, ou pelo menos que siga a tendência de queda nas fatalidades.
Pelo contrário. Duas medidas preocupam: a extinção de radares de fiscalização e flexibilização nos pontos da carteira de motorista.
No final do mês de março, o presidente anunciou o cancelamento da instalação de 8 mil novos radares eletrônicos em rodovias federais. Também declarou que irá revisar os contratos já existentes, podendo suspender o funcionamento de mais equipamentos. Ou seja, a fiscalização que já é deficiente, ficará ainda pior. Outra medida do presidente é aumentar o limite dos pontos para suspender a CNH, de 20 pra 40.
As medida podem agradar em um primeiro momento, parte do eleitorado e da população, mas a longo prazo pode ser desastrosa no ponto de vista de saúde pública.
Segurança viária é construída com permanente ações de combate ao comportamento perigoso de alguns e não com demagogia e populismo.
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