Brasil

Novo terminal em Manaus recebe crítica de especialista

O Via Trolebus reproduz o artigo de Keyce Jhones, da página Archcultura, que falou sobre um novo terminal de ônibus em Manaus:

Sobre os terminais de ônibus.

Manaus já poderia ter um sistema que não dependesse de terminais de ônibus, há muitos estudos sobre tecnologias e logísticas que podem favorecer pelo menos, a um sistema de Integração Temporal eficiente, onde as pessoas não perderiam mais tempo (horas) esperando para fazer uma conexão com outro ônibus,  isso é um atraso para a vida, e até uma perda de qualidade de vida das pessoas que dependem de um sistema ainda arcaico.

Principais pontos graves no projeto.

Um dos principais pontos é justamente a escolha da tipologia de estrutura adotada, um “galpão fechado” para abrigar pessoas. Isto provoca um desrespeito com milhares de pessoas, que ali estarão submetidas a uma forte poluição. Com o uso de algumas técnicas para amenizar o forte calor, a  telhas metálicas ainda são inapropriadas para nossa região,  mesmo adotando telhas “térmicas”, provavelmente as do tipo sanduíche,  com isolamento térmico e também com o sistema de cobertura zenital, com abertura no vão central.

A edificação foi praticamente toda vedada nas laterais,  sem deixar muito espaço para a ventilação cruzada, para saída de ar quente e da poluição, a altura da cobertura foi aumentada, mais ainda continua a provocar  um efeito tipo estufa, abafando o interior, é preciso provocar a exaustão  (retirada) do ar quente e da poluição do interior, isso se faz com um bom projeto de conforto ambiental,  que preza sobre a qualidade interna da temperatura da edificação.

“Não é uma obra condizente,  para quem depende de tempo e conforto,  é preciso pensar e pesquisar exaustivamente, soluções adequadas à nossa região,  com abrigos de ônibus bem estudos e de qualidade arquitetônica e ambiental em seu projeto”

Wi-fi no terminal

Instalar wi-fi não quer dizer que o empreendimento seja “moderno”, ou tecnológico,  é apenas uma oferta de serviço,  que por sinal, muitos outros gestores já haviam prometido fazer na cidade, espalhar sinais de wi-fi em espaços públicos.

Esse tipo de tecnologia deve estar aliada à eficiência do sistema,  neste caso, com o sistema de ônibus, ou seja,  quem usar wi-fi, por exemplo,  pode consultar os itinerários, tempo de chegada, serviços informativos e muitos mais. A cidade precisa funcionar de forma autônoma,  sem que as pessoas fiquem dependendo de outras para se informar, Manaus é muito atrasada neste quesito de qualidade tecnológica aliada à cidade, principalmente com uso de energia solar, que deveria ter sido explorado!

Órgãos que possam se envolver nessa discussão. 

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (CAU AM) deveria fiscalizar a obra antes da inauguração, visto que este tipo de projeto precisa passar por arquitetos experientes para avaliar e propor soluções, não apenas tratar como uma obra de reforma,  a arquitetura precisa estar alinhada, e os órgãos precisam se conversar, pois parece que as secretarias e instituições não se comunicam,  mostrando que a obra não tem qualidade arquitetônica.

O Ministério Público pode avaliar essas questões sobre a qualidade ambiental da obra, visto que a preocupação é justamente o que ninguém quer mais voltar a sentir, o calor infernal nesta área,  então,  quais foram as medidas compensatórias adotadas para minimizar os impactos de vizinhança e ambiental?  Construir, ou reconstruir um terminal de ônibus causa importantes impactos na região,  o que foi feito, o MP pode avaliar isto, junto com o CAU?

A valorização de um abrigo de ônibus.

Abrigo de ônibus significa proteção, lugar para se proteger, um refúgio, com conforto que proporcione comodidade para aqueles que estão à espera de um transporte coletivo, e que neste intervalo, entre transitar pela cidade, possa ter um momento de acolhimento.

Hoje os abrigos projetados para os espaços da cidade são fisicamente minúsculos. De cobertura baixa e projeção pequena, as pessoas que procuram um lugar seguro para esperar um transporte coletivo, se acolhem em uma área escaldante, sem árvores próximo, a cobertura também metálica, muito utilizada, acaba não condicionando a um conforto térmico desejado.

Os abrigos precisam ser pensados como uma solução de espaço público, que proporcione o mesmo aconchego de como estivéssemos em nossa habitação, onde todos estão protegidos sobre diversos aspectos.

Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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