A “Av. Paulista” carioca passa a privilegiar pedestres e ciclistas, em detrimento de veículos individuais
A quem pertence os espaços públicos? O advento do automóvel relegou boa parte dos passeios e espaços compartilhados aos carros, em detrimento de pedestres, que passaram a ocupar estreitas faixas entre os prédios e o asfalto. A inversão dessa lógica é uma ruptura de paradigma que o Rio de Janeiro se propõe com o fechamento parcial da Avenida Rio Branco (uma das principais artérias do Centro do Rio) para a circulação de carros e ônibus. Poderão trafegar pelo espaço entre a Nilo Peçanha e a rua Santa Luzia (começo da Cinelândia), apenas pedestres, ciclistas e o novo VLT (veículo leve sobre trilhos).
Cidades brasileiras – como Curitiba – e estrangeiras – como Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina) – já enxergaram que devolver aos pedestres espaços públicos, principalmente em regiões centrais, é o caminho mais viável para a ressignificação e revalorização de bairros antes degradados. Algumas cidades europeias já taxam os veículos que querem acessar o Centro da cidade – Londres, por exemplo, teve redução de 21% no número de veículos com a vigência do pedágio. Outras já querem eliminar totalmente o acesso de automotores em suas vias urbanas – como a capital da Finlândia, que planeja em 2025 não ter carros mais transitando pelas ruas de Helsinque.
Claro que a evolução do sistema de transporte público é essencial para devolver os espaços públicos a pedestres e ciclistas, pois as pessoas precisam ter a sensação que é vantajoso usar o metrô ou ônibus, em vez de “sustentar” um carro (um veículo representa um custo mensal, em média, de R$ 2mil – Infomoney).
A cidade do Rio de Janeiro está passando por um grande estresse pelo volume de obras, principalmente nas regiões onde receberão jogos das Olimpíadas. A Região Portuária e Central estão praticamente tomadas por obras. Vias quebradas, tapumes e trânsito caótico fazem parte da rotina dos cariocas. O fechamento da Rio Branco foi encarada por muitos como mais um problema para ser enfrentado em um ano em que a autoestima do brasileiro está tão embaixo, seja pela crise econômica e política, bem como os altos índices de desemprego. Porém, diante de tantas notícias ruins, é preciso vislumbrar uma luz no fim do túnel.
O VLT e a novo Avenida Rio Branco, bem como o Porto Maravilha, podem significar uma inflexão no futuro da cidade. De região degradada, as mudanças podem ser boas oportunidades para que esses espaços públicos se reinventem, privilegiando as pessoas, em detrimento de carros e transportes individuais. É a lógica de devolver o Rio, e sua parte mais histórica, ao carioca e aos milhões de turistas que passam pela cidade maravilhosa!