Muitos de nós, paulistanos, não temos conhecimentos de outros sistemas metroviários Brasil a fora. Pode ser o caso do Metrô de Recife que completa hoje 30 anos de existência.
O sistema transporta quase 400 mil passageiros todos os dias, e é considerado essencial para o transporte da Região Metropolitana do Recife. Como de praxe em nosso país, sua expansão é lenta e demorada, sendo que a malha já ficou por 12 anos sem obras. O sistema possuí 71 quilômetros de extensão e 4 linhas, sendo parte operado por trem e parte por veículo leve sobre trilhos (VLT).
Nasceu assim como a nossa Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) aqui em São Paulo, a partir da malha ferroviária federal.
“O metrô do Recife foi um coroamento do planejamento urbano que se fazia à época. Todas as decisões necessárias para implantar um sistema de metrô foram tomadas. As pesquisas de origem e destino foram consideradas, assim como as nucleações de uma região metropolitana. Não podemos negar. Mas se buscou economia para sua implantação. Por isso se usou o antigo leito da rede ferroviária federal, repassado à CBTU. Não tivemos problemas no planejamento e, sim, na execução. A Linha Sul, por exemplo, deveria ter sido implantada antes da Linha Centro porque era lá que havia a demanda de passageiros. Mas se optou pela Linha Centro”, diz Fernando Jordão, ex-ferroviário e professor de ferrovias da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em entrevista ao Jornal do Commercio.
A Linha Centro, que é subdividida em dois ramais, levou 20 anos para atrair a mesma demanda de passageiros que a Linha Sul conquistou em cinco. Já a Linha Sul transporta sozinha quase a metade da demanda total do metrô e, em alguns anos, chegou a registrar crescimento de 50% no número de passageiros.
De acordo ainda com a reportagem, faltam investimentos. Dados da própria CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) que opera o sistema, mostram que o déficit financeiro é superior a R$ 200 milhões por ano. O sistema teve uma receita de R$ 68 milhões em 2014 e um custeio de R$ 270 milhões.
“O metrô está em operação há 30 anos sem ter trocado o sistema de sinalização ou a rede elétrica, por exemplo. Chegou à maturidade, mas sem os investimentos necessários. Não consegue sequer fazer a manutenção dos trens. Faltam peças, segurança e, principalmente, funcionários”, lamenta EduCardo Côrtes, engenheiro carioca enviado do Metrô de São Paulo para estruturar o sistema metroviário da capital recifense.
Com as informações de Jornal do Commercio