Quem passa pela estações Pedro II ou Paraíso pode perceber uma estrutura diferenciada presente na arquitetura do local. Na piso térreo da Pedro II é possível ver uma plataforma subterrânea. Já no Paraíso, na plataforma sentido Tucuruvi é possível perceber uma estrutura de embarque, inclusive com as faixas amarelas.
Tratam-se de estruturas oriundas de uma rede antiga de Metrô, com ramais diferentes do que a cidade ganhou hoje, com seus 74 km.
Mas para entender, temos que voltar para década de 1920, quando a Tramway, Light and Power, que administrava a rede de bondes da capital e arredores apresenta seu primeiro projeto para uma “ligação de alta velocidade sobre trilhos”. A proposta era basicamente uma evolução da rede de bondes, com troncos de “alta velocidade” nas direções Sudeste, Oeste, Sudoeste e Norte.
Já em meados de 1950, as administrações municipais de Armando Arruda Pereira e Vladmir Toledo Piza, foi criada a Comissão do Metropolitano, coordenada pelo ex-prefeito Prestes Maia. Foi então elaborado um projeto de três linhas radiais: N-S (Norte Sul), E-O (Este-Oeste) e São Caetano – Itapecerica.
Linha 1 – Norte-Sul
Começando no Mandaqui, próximo à antiga Estação invernada do Tramway da Cantareira, a linha seguiria pelas atuais Av. Santa Inês e Rua Voluntários da Pátria, daí, seguiria a Av. Cruzeiro do Sul até a Av. do Estado, depois desviaria para a Av. Tiradentes (basicamente por onde segue a atual Linha 1).
Depois disso seguiria por baixo do Vale do Anhangabaú e depois pela Av. 23 de Maio, aflorando para superfície e utilizando o canteiro central desta como leito. Os viadutos sobre a avenida abrigariam as estruturas das estações.
Viaduto Pedroso com a estrutura de uma estação:
Novamente em subterrâneo, a linha seguiria a Av. Ibirapuera e Av. Ver. José Diniz até o Largo Treze de Maio, terminal da linha.
Linha 1A – Ramal de Guarulhos
O ramal sairia da linha principal na Av. Cruzeiro do Sul, na altura do cruzamento com a atual Av. Gal. Ataliba Leonal, seguiria por esta e pela Av. Luis Dumont Villares, com traçado semelhante à atual Linha 1 neste trecho.
Após isso, seguiria a Av. Antônio Maria Laet, depois a Rua Benjamin Pereira e Abílio Pedro Ramos, atingindo a Vila Galvão.
Depois seguiria a Av. Emílio Ribas até o centro de Guarulhos.
Linha 2 – Este-Oeste
Começando próximo à Vila dos Remédios (provavelmente vinda de Osasco, o mapa que tenho está cortado), na margem norte do Tietê, a linha seguiria pela Av. Marginal até a Ponte da Anhanguera, onde atravessaria o rio e seguiria o eixo da Rua Monte Pascal, depois Rua Brig. Gavião Peixoto, Rua Barão de Jundiaí, depois Rua Clélia, até o Parque Antarctica.
De lá, seguiria pela Av. Francisco Matarazzo até a Praça Marechal Deodoro. Então seguiria pela Rua das Palmeiras até o Largo Santa Cecília, depois seguindo pela Rua do Arouche até a Praça da República.
Da Praça da República, a linha seguiria por baixo da Av. São Luís, depois Viaduto Nove de Julho, Rua Maria Paula, Viaduto Dona Paulina e Rua Tabatinguera, finalmente cruzando o Tamanduateí, seguindo pela atual Av. Alcântara Machado até a EFCB, passando a compartilhar a faixa da ferrovia até a Vila Matilde.
Viaduto Nove de Julho:
Viaduto Dona Paulina:
Linha 2A – Noroeste
Partindo da Estação Pirituba da EFSJ, a linha seguiria paralela à ferrovia, depois seguiria a calha do Tietê até a altura do atual TJSP, atravessando a ferrovia junto com o Viaduto Pacaembu, depois seguindo a Rua Mário de Andrade. Encontraria a linha principal na Praça Antônio Cândido Camargo
Linha 3 – São Caetano-Itapecerica
Saindo de São Caetano, esta linha seguiria pela atual Av. do Estado até a Rua João Teodoro, onde dobraria para oeste, seguindo até perto do Parque da Luz, de onde seguiria para sul.
Depois disso, seguiria a Av. Casper Líbero, Av. Ipiranga, Rua da Consolação e Av. Rebouças, pelo traçado da atual Linha 4. Passaria logo a norte do Jóquei Clube e de lá alcançaria a Av. Francisco Morato, seguindo então até Itapecerica da Serra (parte que hoje é Taboão da Serra).
O projeto mais atual, em que efetivamente saiu do papel sendo aproveitado parte dos estudos, é do ano de 1968, onde o prefeito Faria Lima deu o ponta pé inicial para a rede de metrô, onde ainda era previsto, o ramal Moema, a linha 3-Vermelha saindo da casa Verde rumo a Vila Maria, a Linha 2-Verde (ramal paulista) e o ramal sudoeste-sudeste, que hoje é conhecido com a Linha 4-Amarela, também com alterações em seu projeto inicial.
Ramal Moema:
Entretanto ele sofreu alterações, e as conexões entres as linhas sudoeste-sudeste e a leste-oeste deixaram de existir, assim como o ramal Moema. Podemos constatar que os estudos das redes metroviárias sofrem constantes modificações, com a evolução dos estudos.
Pesquisa de Eduardo Ganança (Entusiasta de transportes e infraestrutura urbana e estudante de arquitetura e urbanismo)
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