Após 15 anos de concessão, os cariocas estão longe de desfrutar de trens de primeira qualidade.
Quase todos os dias, algum ramal da SuperVia apresenta algum tipo de falha ou atraso. Ontem de manhã, um trem que seguia de Belford Roxo para a Central do Brasil sofreu um descarrilamento próximo a São Cristóvão. Mais uma vez, passageiros tiveram de caminhar nos trilhos até a próxima estação.
Em 1998, quando as linhas foram repassadas à iniciativa privada, o consórcio vencedor prometeu equipar todas as composições com ar-condicionado até o ano 2000. Hoje, 43,7% da frota possui o equipamento.
Incidentes nos trilhos são comuns. Durante a viagem da Central a Japeri, na quarta-feira, passageiros levaram um susto na Rua Vinte e Quatro de Maio, quando um estouro foi ouvido na linha férrea. Imediatamente, as luzes do vagão se apagaram. Assim permaneceram por três minutos. Um cheiro de borracha queimada tomou o vagão. Até a chegada a Japeri, a SuperVia não explicou o que ocasionou a pane.
No ramal de Saracuruna, estações chamam a atenção pelo enorme vão entre as plataformas e as composições, o que é cruel para idosos e cadeirantes. O urbanista Marat Troina, especialista em mobilidade urbana, aponta três gargalos do sistema: as dificuldades de acesso às estações, a irregularidade nos intervalos e a falta de conforto mínimo das composições.
Apesar dos problemas, o diretor de operações da SuperVia, João Gouveia, dá nota 9 ao sistema. Ele diz que está em curso a troca da sinalização, bastante obsoleta. A nova tecnologia deve ser inaugurada primeiro no trecho Central-Deodoro até o fim deste mês.
Por Caio Lobo