Quando nos deparamos com problemas da cidade, sempre nos perguntamos o por que da inexistência do planejamento urbano. Na verdade, existem sim estudos que visam a melhor organização da ocupações do solo, implantação correta do sistema de transporte, etc.
Acontece que a prefeitura simplesmente não segue o planejamento proposto por ela própria. Segundo publicação da Rede Brasil Atual, o “desrespeito mais escandaloso” ao Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade, que completou 10 anos na última semana, é, segundo especialistas, a questão do transporte. Por ser estruturante na cidade e ter impactos em outras áreas, como a qualidade de vida, a saúde e a impermeabilização do solo, o estímulo ao modelo atual, baseado no transporte individual, coloca a cidade em cheque.
O Plano Diretor Estratégico prioriza o transporte coletivo e os meios de locomoção não motorizados, entretanto as vias não priorizam os ônibus e pedestres. Lembramos que a gestão de Gilberto Kassab não construiu os 66 quilômetros de corredores de ônibus prometidos.
Plano de Mobilidade não saiu do papel
A publicação mostra que o Plano Municipal de Mobilidade previsto no PDE não saiu do papel. Segundo a organização não governamental Nossa São Paulo, em 2010 a prefeitura chegou a reservar R$ 15 milhões para a elaboração do plano, mas o dinheiro não foi usado. “Nós insistimos muito na necessidade de a cidade ter um planejamento de curto, médio e longo prazo. Incentivar o transporte coletivo, as bicicletas. Tudo isso foi colocado, inclusive na eleição passada e, infelizmente, essa gestão passou inteirinha sem se comprometer com o planejamento”, aponta Maurício Broinizi, do grupo de trabalho sobre mobilidade da ONG. “A gente precisa de uma revolução na mobilidade no transporte em São Paulo. Para isso precisa enfrentar interesses. Precisa fazer intervenções no sistema viário da cidade, que é ocupado 95% por automóveis. É preciso tirar o espaço dos carros para colocar ônibus e bicicletas circulando. Tudo isso precisa de um estudo profundo, de investimento de planejamento e passamos quatro anos com a recusa da prefeitura em fazer”, completa.
A ausência destas medidas impactam diretamente a sua vida: Um quarto da população da cidade chega a precisar de 4 horas para se locomover entre diversos compromissos todos os dias, segundo pesquisa realizada pelo Ibope em parceria com a Nossa São Paulo. Relembre aqui.
Por Renato Lobo