Se você acha que o sistema sobre trilhos esta cada dia mais lotado, saiba que a sua e a minha sensação foram comprovados por pesquisas, como se precisasse. De acordo com dados da própria SPTrans, o número de viagens feitas nos ônibus na capital paulista caiu pela primeira vez desde que o bilhete único foi implantado, em 2004. Segundo a empresa que gerecia os transportes em São Paulo, vão ocorrer quedas ainda maiores e, antes do fim da década, haverá mais gente no trem e no metrô do que nos ônibus.
Segundo o estudo que foi revelado pela reportagem do Estadão, quando as obras em execução e em planejamento do Metrô estiverem prontas, haverá uma migração de passageiros: as viagens são mais rápidas e previsíveis no metrô e, por isso, o passageiro vai trocar de transporte. O número de viagens nos coletivos vai cair até 27%.
Embora a queda seja pequena, cerca de 0,6% nas viagens de ônibus na comparação dos sete primeiros meses deste ano com o ano passado mostra o rompimento de um crescimento médio de 2% que vinha ocorrendo desde 2005. O assessor técnico Silvio Rogério Torres, da Superintendência de Planejamento de Transporte da SPTrans diz a reportagem que a redução já é reflexo da entrega da Linha 4-Amarela, que foi ocorrendo em parcelas entre 2010 e o ano passado. Torres lembra que essa migração do ônibus para os trilhos é possível graças à política tarifária que garante descontos na viagem conjunta. “Os estudos são feitos pensando que não haverá mudança no modelo de hoje.”
A reportagem fala ainda que existe a possibilidade de o crescimento do Metrô e da CPTM provocar mudanças no modelo de gestão das tarifas, já que o bilhete único foi concebido e é gerenciado pela SPTrans, que tem a maioria dos usuários. Até o fim da década, o uso dos cartões vai ser maior no Metrô.
Estes estudos da SPTrans usam o cenário atual para fazer duas projeções: para o ano de 2020 e 2030. Nos dias de hoje cerca de 9,8 milhões de viagens são feitas em São Paulo de ônibus e cerca de 7 milhões de trens e metrô. Em 2020, serão 16,5 milhões no sistema metroferroviário e 7,8 milhões nos ônibus. A virada deve ocorrer, seguindo esse planejamento, já a partir de 2015, quando as obras em execução terminarem. Trata-se da entrega das linhas 4 – amarela, 5 lilás que estão em expansão e os monotrilhos da linha 17 – ouro e a extensão da linha 2 – verde.
Os corredores que mais vão perder passageiros são os das Avenidas 9 de Julho, Rebouças e Santo Amaro, na zona sul, e Aricanduva, na zona leste. As viagens de ônibus pela Marginal do Tietê, especialmente as com origem em Guarulhos, na Grande São Paulo também deverão ter reduções.
Por Renato Lobo, com as informações de “O Estado de S. Paulo“