Não é novidade que os motores dos carros são as principais fontes de poluição das cidades, principalmente de São Paulo.
Segundo estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do Ministério do Meio Ambiente, que entre 1980 e 2009, a emissões, por veículos, de gases do efeito estufa cresceram 3,6% ao ano, em média. Com o aumento da frota e o uso maior do transporte individual, a quantidade de dióxido de carbono (CO2) lançada na atmosfera deve crescer em ritmo mais acelerado até 2020 (4,7% ao ano).
“Nossa taxa de motorização é muito inferior a de países desenvolvidos, nos EUA e Europa a média é de 70 veículos por habitantes e, no Brasil, apenas 15. A tendência, no entanto, é que ela suba muito rapidamente. O automóvel emite, por pessoa, até 36 vezes mais CO2 que o metrô”, argumentou Carlos Henrique Ribeiro, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.
Se os poluentes causadores do efeito estufa estão aumentando, por outro lado, a contaminação das cidades por gases locais, que afetam diretamente a saúde das pessoas, foi reduzida nos últimos quinze anos. Desde meados da década de 1980, a emissão de poluentes como o monóxido de carbono, o óxido de enxofre e o ozônio foi controlada, principalmente por causa de políticas públicas que exigiram melhorias na tecnologia dos carros.
“Hoje o veículo a diesel emite 10% de gases locais que emitia há anos atrás. Isso ocorreu porque o Proconve (Programa de Redução de Emissões de Veículos Automotores) foi bem sucedido. O problema é que já chegamos ao limite da tecnologia, daqui para frente teremos poucos ganhos”, comentou Carlos Henrique.
Políticas Públicas
Os pesquisadores do Ipea alertam que o país chegou a um ponto de inflexão e que o aumento da frota vai, consequentemente, elevar os níveis de contaminação do ar nas metrópoles brasileiras. A solução passaria por dois caminhos: mudanças nas tecnologias automotivas, com o uso de carros híbridos ou elétricos, por exemplo; e políticas públicas que priorizem o uso do transporte coletivo.
“Precisamos de coordenação nas políticas públicas, sejam fiscais, urbanas, de mobilidade ou ambientais. Elas interagem entre si. Cada vez que o poder público prove estacionamento público, no fim, está estimulando o transporte individual, com impacto sobre toda a cidade. A tarifação sem critério sobre os combustíveis afeta o balanço entre transporte coletivo e individual. Toda a sociedade deveria ter essa noção e cobrar ações planejadas”, afirmou Bernardo Furtado, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.
Por Renato Lobo, com as informações de Nossa São Paulo