O governo federal deve anunciar o terceiro adiamento do leilão do trem-bala ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. Segundo o jornal Folha de São Paulo, sem negócios fechados entre grandes empreiteiras brasileiras e fornecedores estrangeiros de tecnologia, não há mais garantia de que haverá interessados no projeto.
Marcada para 11 de julho, a entrega de proposta por parte dos interessados deverá ganhar mais um mês de prazo. Se ocorrer, será o terceiro adiamento. Os outros dois ocorreram em novembro de 2010 e abril deste ano. Em novembro de 2010, o governo tinha uma situação favorável para si. Um consórcio de empresas coreanas e brasileiras afirmava que apresentaria proposta de qualquer maneira. Nesse consórcio não havia nenhuma das cinco grandes empreiteiras nacionais.
O governo tentava forçar as empreiteiras a se aliar a outros detentores de tecnologia para não perder “um grande negócio” e, assim, ter um leilão competitivo.
A situação hoje é inversa. O consórcio coreano vem se desfazendo desde então. Ainda em novembro, três empreiteiras nacionais deixaram o acordo. Neste ano, quatro empresas coreanas também anunciaram que estão fora.
Segundo fontes do mercado, nem mesmo o detentor de tecnologia coreano garante participar. O grupo só seria viável com a participação de alguma das grandes empreiteiras nacionais.
Governo não dá garantias
Segundo a publicação, não há garantia de nenhum consórcio apresentar proposta. E, mais ainda, todos os detentores de tecnologia já disseram que só entram se alguma das grandes empreiteiras (ou todas juntas) for a líder do projeto.
Nos dois adiamentos, as empreiteiras pediram mudanças no projeto para torná-lo mais atraente. Elas dizem que o orçamento do governo (hoje em R$ 38 bilhões) é inferior ao valor calculado por elas, de R$ 55 bilhões.
O governo diz que já fez as concessões que poderia e acena apenas com mudanças pontuais no projeto.
Para integrantes do governo, as empreiteiras querem inviabilizar o modelo de concessão do serviço com a obra incluída para fazer o modelo habitual onde não há risco para elas: obra pública e depois concessão.
Renato Lobo é Técnico em Transporte Sobre Pneus e Transito Urbano.