Eles são apenas 200 entre quase 15 mil. São silenciosos, confortáveis e não poluem. E todo mundo que já utilizou um se lembra do quanto teve que esperar até que o cobrador, ou o próprio motorista, recolocasse o cabo que soltou do sistema elétrico.
Nos últimos anos, os trólebus andaram um pouco esquecidos na cidade. Mas, de olho na imagem de “prefeito verde”, Gilberto Kassab (PSD) quer “reinventá-los” e substituir toda a frota atual.
Depois, a meta é ampliar ainda mais a presença dos ônibus elétricos, que serão usados, principalmente, em corredores. Uma das ideias é que o futuro corredor da Radial Leste, ainda em projeto, opere com os trólebus.
A substituição da frota é uma promessa de campanha e faz parte da Agenda 2012, o plano de metas apresentado por Kassab para sua gestão.
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O plano previa que cem trólebus fossem substituídos em 2009 e 2010. A informação também consta do contrato das empresas que operam o sistema na zona leste.
Porém, apenas 12 veículos novos chegaram no período. A antiga fornecedora saiu do mercado, diz a prefeitura.
A “nova geração” está próxima, promete a Secretaria de Transportes. Dois fabricantes apresentaram propostas, e o primeiro novo veículo chega no mês que vem.
Além disso, a rede de 201,4 km de cabos será reformada. A empresa que vencer a licitação também terá de dar manutenção no sistema por cinco anos. Vai receber R$ 109 milhões pelo serviço.
“É interessante que isso seja feito. A gente sempre fica cutucando a prefeitura para que novos corredores sejam instalados e que o sistema não fique estagnado”, disse Jorge Moraes, da ONG Respira São Paulo e projetista de redes eletrificadas aéreas.
Ele diz, por exemplo, que o corredor de ônibus da avenida Celso Garcia está subutilizado e comportaria muitos mais trólebus que os atuais.
Marcelo Branco, secretário de Transportes, também defende a ideia. Segundo ele, após a substituição da frota atual, a meta é incrementar áreas com rede, mas sem trólebus funcionando – como, por exemplo, o corredor de ônibus Casa Verde-Centro.
Do total de 201,4 km de redes aéreas de São Paulo, implantados principalmente na década de 1980, só 137 km são usados atualmente.
Ganho ambiental
O principal argumento para o reforço dos trólebus é o ganho ambiental. Mas há ganho financeiro também, garante Marcelo Branco.
“O trólebus custa o dobro do ônibus comum [que tem um valor aproximado de R$ 300 mil], mas também dura o dobro, e a manutenção é mais barata”, diz.
Resta resolver um problema do sistema, segundo críticos: a poluição visual gerada pelos fios expostos e pelos postes que os seguram. Isso poderia ser minimizado com o uso de postes ornamentais.
Com as informações de Folha | Uol
Renato Lobo é Técnico em Transporte Sobre Pneus e Transito Urbano.