Capacidade de transporte de passageiros do futuro sistema foi um dos principais temas da audiência pública que discutiu as obras da linha 2 verde. Metrô não enviou representante
As obras do monotrilho da linha 2 verde, que ligará a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, foram motivo da audiência pública realizada quarta-feira (13/4), na Câmara Municipal de São Paulo. Como a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) não enviou representante para participar do debate, os vereadores da Comissão de Política Urbana – órgão que convocou a audiência – fizeram vários questionamentos e alertas sobre o projeto que ficaram sem resposta.
Um dos principais pontos abordados na audiência foi a capacidade de transporte do futuro sistema. “A prefeitura diz que o monotrilho fará um carregamento de 40 mil passageiros por sentido/hora, podendo chegar a 48 mil”, lembrou o vereador Chico Macena (PT), antes de contestar: “Tenho pesquisado muito sobre o assunto e não existe, hoje, nenhum equipamento em uso no mundo que faça esse carregamento”.
Na visão do parlamentar, se a intenção da administração municipal é instalar um equipamento de monotrilho que ainda não existe, com a capacidade de transporte anunciada, o problema persiste. “Vamos partir para uma experiência na cidade de São Paulo?”, questionou.
Macena avalia que a demanda prevista pelo Metrô para a linha, de 500 mil viagens por dia, está subestimada. “O monotrilho vai custar mais caro que o previsto e já nascerá saturado”, alertou. Ele citou a obra que está sendo executada na Av. Anhaia Melo para criticar outra característica da via elevada. “O projeto urbanístico é horroroso, não é aquele desenho leve mostrado pelo Metrô em suas apresentações.”
Por fim, o parlamentar denunciou que no trecho 1 da linha, já em fase de construção, a exigência de compensação ambiental não está sendo cumprida e a legislação municipal sobre calçadas não foi respeitada. “A maioria das árvores plantadas, como medida compensatória para licenciar a obra, não sobreviveu e a empresa que trabalhou na área deixou calçadas com menos de 1 metro de largura”, relatou.
Segundo a assessoria de Macena, a região da Vila Prudente é a segunda com menor índice de área verde por habitante – a primeira seria a Subprefeitura da Sé. Além disso, a lei obriga que as calçadas tenham, no mínimo, 1,20 metro de área livre e, em locais de grande fluxo de pedestres, 1,50 metro.
O presidente da Comissão de Política Urbana, vereador Paulo Frange (PTB), registrou que o governo ainda não informou quantos moradores atingidos pelo projeto terão que deixar suas casas. “Não se sabe também como essas pessoas serão reassentadas.”
Frange citou ainda duas outras preocupações em relação ao monotrilho da região: o projeto irá impermeabilizar uma área de 11 mil metros quadrados do solo da cidade, que já é bastante impermeável, e não há estudos sobre o ruído do equipamento a ser instalado. “Como a região tende a se verticalizar e o veículo circulará a cerca de 30 metros de altura, é necessário discutir a possibilidade de se instalar barreiras para impedir ou minimizar o barulho”, sugeriu. Ambos parlamentares lamentaram a ausência do Metrô no debate.
O único representante da prefeitura a participar da audiência pública foi Hélio Neves, assessor especial da Secretária Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Ele explicou que a licença ambiental para o trecho 1 da linha do monotrilho, que terá 2,8 quilômetros, foi concedida pela Cetesb em 2008. “Depois disso, a responsabilidade foi delegada à secretaria”, informou.
Neves relatou que os trechos 2 e 3, que somam aproximadamente 20 quilômetros, ainda não tiveram a licença ambiental aprovada. “Foram realizadas três audiências públicas, uma em cada subprefeitura por onde passará a linha, mas o relatório do impacto ambiental e as possíveis medidas mitigadoras e compensatórias não foram decididas pelo Cades [Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz].” Ele acrescentou que não há prazo para isso ocorrer.
O assessor especial garantiu que as questões e sugestões feitas pelos vereadores relacionadas ao meio ambiente serão levadas à secretaria. Pouquíssimas pessoas participaram do evento e nenhuma delas solicitou a palavra para debater o tema.
Por Airton Goes
Fonte: Nossa São Paulo