Bondes e trólebus de Santos entram em processo de tombamento

Prefeitura de Santos

Santos iniciou um processo que pode garantir proteção oficial a um dos conjuntos mais raros do transporte urbano elétrico do país. O Diário Oficial publicou no dia 3 a abertura do estudo de tombamento dos sistemas de bondes e trólebus do município, após deliberação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (CONDEPASA). A medida confere proteção provisória ao acervo, que reúne veículos históricos que acompanharam diferentes fases da mobilidade santista ao longo de mais de cem anos.

O estudo inclui bondes restaurados e ainda em circulação, todos os trólebus que restaram da antiga rede, veículos de apoio operacional, uma subestação móvel e o tradicional carro de inspeção. Com o processo em andamento, nenhum desses elementos pode passar por alterações ou ser desmontado até que o Conselho finalize a análise.

A iniciativa reforça o papel de Santos como uma das poucas cidades brasileiras que mantiveram vivas partes de seus sistemas elétricos, enquanto muitas capitais e municípios encerraram suas operações nas últimas décadas. Hoje, o conjunto preservado é considerado um dos mais completos do Brasil, reunindo exemplares de relevância histórica e tecnológica provenientes de países como Escócia, Itália e Portugal.

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A preservação do transporte elétrico em Santos tem trajetória longa. A primeira experiência turística com trólebus ocorreu em 1970, ainda de forma experimental e por pouco tempo, seguida por uma linha turística de bondes que funcionou entre 1984 e 1986. Em 1990, a cidade chegou a montar seu primeiro espaço dedicado à memória do setor, o Museu do Transporte Público, instalado na antiga subestação Capinzal, na Rua Itapura de Miranda. A consolidação veio apenas em 2000, com a criação da atual linha turística de bondes, hoje um dos principais símbolos do Centro Histórico. Desde 2006, discute-se também a retomada do uso turístico dos trólebus, cuja operação permanece suspensa. Naquele ano, o primeiro pedido de tombamento da rede foi protocolado no Condepasa pelo historiador Waldir Rueda Martins. O modal também já motivou apurações no Ministério Público.

Com a abertura do estudo, o CONDEPASA inicia uma fase de levantamentos técnicos que envolve pesquisa documental, análise de imagens, reconstrução histórica do transporte elétrico na cidade e avaliação museológica do acervo. A resolução publicada determina que todos os veículos sejam mantidos em seu estado original ou histórico, armazenados em local protegido e submetidos apenas a intervenções de manutenção que não comprometam suas características. Ao final da análise, uma votação definirá se o conjunto será ou não tombado como patrimônio cultural.

O documento também relaciona o processo ao futuro Museu Ferroviário de Santos, previsto para reunir e ampliar o acervo existente. O tombamento pode facilitar a obtenção de recursos e organizar ações de conservação, além de reforçar o uso turístico, cultural e educativo do material preservado.

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.
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