Licitação do transporte de Curitiba promete frota de ônibus elétricos até 2026

Divulgação: Volvo

O governo de Curitiba realizou, nesta segunda-feira (6), um roadshow virtual para apresentar ao mercado a nova concessão do transporte coletivo da capital paranaense. O encontro reuniu investidores, empresas do setor de mobilidade, fabricantes de ônibus e companhias de energia sustentável, marcando uma das etapas que antecedem a publicação do edital da licitação, prevista para novembro. O leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) deve ocorrer em janeiro de 2026.

A nova concessão promete modernizar o Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), que abrange 309 linhas, 22 terminais, 329 estações-tubo e uma frota de 1.189 ônibus, transportando em média 555 mil passageiros pagantes por dia útil e 6,4 milhões de viagens mensais.

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De acordo com o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto, o novo modelo é resultado de dois anos de trabalho em parceria com o BNDES, com foco na modernização da frota, ampliação da integração e melhoria da qualidade do serviço.

“O edital de Curitiba é robusto e competitivo, desenvolvido para oferecer uma solução moderna e sustentável ao transporte público, com novos indicadores de desempenho e frota de baixa emissão”, afirmou Maia Neto.

O evento foi organizado pela Urbs, pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), pelo BNDES e pelo consórcio Oficina-Tylin-Rhein-Addax, responsável pela modelagem do projeto. Segundo a gerente de projeto do BNDES, Paula Fogacci, o roadshow permite que investidores tirem dúvidas e agendem reuniões para discutir detalhes da proposta.

“É uma oportunidade para compreender o projeto e aprofundar as conversas sobre a modelagem do sistema”, explicou.

Além do evento desta segunda, haverá encontros presenciais na próxima semana em Curitiba e São Paulo, além de reuniões online individuais.

Foto: José Fernando Ogura/SMCS.

Consulta pública e audiências

O projeto também está em consulta pública até 17 de outubro, no site da Urbs (https://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/PORTAL/licitacaoTransporteColetivo). O público pode acessar documentos como o edital preliminar, minuta de contrato e diagnóstico do SIM, além de enviar sugestões e dúvidas.

As discussões presenciais com a população seguem em andamento: a primeira audiência pública ocorreu em 1º de outubro, e a segunda está marcada para o dia 15, no Espaço Imap Barigui, das 19h às 22h.

Estrutura da nova concessão

O contrato terá vigência de 15 anos e será dividido em cinco lotes: dois de BRTs (linhas em canaletas exclusivas) e três regionais (Norte, Sul e Oeste). O valor total da remuneração é estimado em R$ 18 bilhões ao longo do período, distribuídos entre os lotes BRT 1 (R$ 4,82 bilhões), BRT 2 (R$ 3,44 bilhões), Norte (R$ 2,94 bilhões), Sul (R$ 3,24 bilhões) e Oeste (R$ 3,6 bilhões).

Estão previstos R$ 3,7 bilhões em investimentos, sendo R$ 800 milhões de subvenção municipal para a compra de ônibus elétricos e instalação de eletropostos — que, ao término do contrato, serão revertidos ao município.

A remuneração das empresas passará a ser feita por quilômetro rodado, e não mais pelo número de passageiros, modelo que traz maior previsibilidade financeira e incentiva a eficiência operacional. Um período de transição de até dois anos garantirá a continuidade dos serviços, mantendo a tarifa atual de R$ 6, em vigor desde 2023.

Frota elétrica e sustentabilidade

O novo contrato será o primeiro do Brasil estruturado desde o início com foco na sustentabilidade, prevendo a aquisição de 245 ônibus elétricos nos primeiros cinco anos e a instalação de dois eletropostos — um no Capão Raso e outro no Capão da Imbuia.

Além disso, serão comprados 1.233 ônibus a diesel com tecnologia Euro 6, de menor emissão de poluentes, ao longo dos 15 anos.

Integração total

Um dos avanços previstos é a integração temporal irrestrita, permitindo ao passageiro trocar de linha sem pagar nova passagem, em qualquer ponto da cidade — e não apenas em terminais e estações-tubo. A medida deve agilizar deslocamentos e reduzir o número de baldeações no trajeto diário.

Participação e operação

Poderão disputar o edital empresas, fundos de investimento, instituições financeiras e entidades de previdência, nacionais ou estrangeiras, individualmente ou em consórcio. Cada participante poderá disputar um ou mais lotes, mas não poderá integrar mais de um consórcio. O critério de julgamento será o maior desconto sobre a remuneração mensal de cada lote.

Os operadores dos lotes BRT 1 e 2 serão responsáveis pela operação, fornecimento de frota elétrica e diesel, manutenção das estações-tubo e eletropostos, enquanto os operadores regionais cuidarão da frota e das garagens.

A Urbs continuará com as funções de planejamento, fiscalização, bilhetagem eletrônica e gestão do sistema.

No total, o BRT 1 abrangerá 24 linhas, o BRT 2, 18 linhas, o regional Norte, 99, o Sul, 86, e o Oeste, 83 linhas.

Qualidade e garantias

O novo contrato introduz indicadores de qualidade com impacto direto na remuneração: operadores que não atingirem as metas poderão ter descontos de até 3%.

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.
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