Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que a Polícia Federal identificou indícios de que a empresária Maria Beatriz Setti Braga, fundadora de um conglomerado de transportes no ABC Paulista, teria ligação com pagamentos a uma organização criminosa suspeita de desviar recursos da Prefeitura de São Bernardo do Campo. O caso já resultou no afastamento do prefeito Marcelo Lima (Podemos).
Segundo documentos da PF acessados pelo jornal, o nome de Maria Beatriz aparece grafado como “Bia” em planilhas e mensagens localizadas no celular de Paulo Iran Paulino Costa, apontado como operador financeiro do prefeito. Ele está preso preventivamente desde agosto. As anotações trazem registros como “Bia 400” (abril de 2025) e “100 bia” (outubro de 2024), além de planilhas com números ao lado do apelido, variando entre “500” e “800”.
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Embora a PF não tenha detalhado o significado dos valores, relatórios afirmam que, em outros casos semelhantes, os números representariam cifras em milhares de reais. “É possível verificar que os valores como 500 aparentam ser, na verdade, R$ 500 mil”, aponta trecho citado pela Folha.
As suspeitas também envolvem a MBR Participações S.A., empresa da família Braga. De acordo com a Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, a companhia teria papel estratégico no esquema, movimentando recursos de contratos públicos milionários que retornariam como vantagens indevidas a servidores. A MBR é presidida por Milena Braga Romano, filha de Maria Beatriz.
A defesa da empresária, segundo a reportagem, “nega de forma categórica qualquer envolvimento de seus clientes com os fatos objeto da investigação, os quais jamais realizaram quaisquer pagamentos indevidos a agentes públicos, tampouco conhecem o denunciado Paulo Iran”. Afirmou ainda que “a menção ao nome de Maria Beatriz, bem como de pessoas físicas e jurídicas vinculadas a seus familiares, decorre exclusivamente de frágeis suposições, absolutamente insuficientes para qualquer imputação”.
Maria Beatriz Setti Braga é a fundadora do conglomerado de transporte, e sua filha, a administradora Milena Braga Romano, comanda as operações e a Eletra, fábrica de ônibus elétricos do grupo. A Next Mobilidade é a concessionária que integra o corredor metropolitano ABD e todas as linhas da EMTU na região do ABC. Também é responsável pelas obras do BRT ABC, que vai ligar São Paulo e o ABC.
Até o momento, a defesa do prefeito afastado não se manifestou. A da MBR e de Milena Braga também não deram retorno ao jornal. Já os advogados de Paulo Iran alegam nulidade da operação e afirmam que buscarão anular as provas colhidas pela PF.
