Uma recomendação expedida nesta quarta-feira (17) pelo promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital, Moacir Tonani Junior, orienta a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) a suspender imediatamente as obras de expansão da Linha 2-Verde, no trecho Vila Prudente/Dutra (Fases 1 e 2). O pedido inclui também a paralisação dos contratos com os consórcios responsáveis por prazo indeterminado, até que sejam definidas novas tratativas.
De acordo com o Ministério Público, imóveis situados nas áreas de influência das escavações, tanto de estações quanto de poços de ventilação e saídas de emergência, vêm apresentando sérios danos estruturais que colocam em risco a integridade física de seus moradores. Muitas famílias foram obrigadas a deixar suas casas, e o risco pode aumentar com o uso do equipamento conhecido como “Tatuzão”, que, segundo relatos de técnicos do próprio Metrô, teria potencial de causar danos adicionais às construções de superfície.
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O documento também critica a forma como as famílias afetadas estão sendo retiradas de suas residências, em caráter abrupto e por tempo indeterminado, sendo transferidas para hotéis sem informações claras sobre as condições de estadia. Os imóveis desocupados, por sua vez, têm permanecido abandonados, o que os torna vulneráveis a depredações, invasões e uso irregular, trazendo prejuízos financeiros e sociais aos proprietários.
Outro ponto destacado pelo promotor é a ausência de reparação adequada dos danos já provocados e a falta de indenizações compatíveis com as perdas sofridas. Segundo ele, as medidas acautelatórias adotadas até o momento pelo Metrô não têm sido suficientes para evitar novos riscos.
A recomendação determina ainda que, no prazo de 30 dias, a Companhia apresente um levantamento detalhado de todas as famílias que estão atualmente em hotéis ou imóveis alugados por conta das obras. O relatório deverá incluir número de integrantes, idade, profissão, meios de contato, endereços originais e informação sobre quais já foram indenizadas.
Metrô de São Paulo afirma que prestará esclarecimentos ao MP e destaca medidas de apoio a moradores afetados pela Linha 2-Verde
O Metrô de São Paulo informou que prestará todos os esclarecimentos solicitados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) sobre as obras de expansão da Linha 2-Verde. Em nota, a companhia ressaltou a relevância do empreendimento, que hoje emprega cerca de 6 mil pessoas e deve beneficiar aproximadamente 400 mil passageiros diariamente.
“A obra da Linha 2-Verde é de grande importância para a cidade, trazendo melhorias significativas ao transporte público”, destacou o Metrô.
A empresa também enfatizou os cuidados adotados em relação aos moradores impactados pelo projeto. Segundo a nota, “a Companhia mantém, em empreendimentos desse porte, centrais de atendimento aos impactados e presta assistência aos moradores, assegurando todo o suporte necessário”. Entre as medidas estão o custeio de aluguel de imóveis ou hotéis, locação de garagens, hospedagem para animais de estimação e até mesmo espaços de coworking para quem trabalha em regime remoto.
Além disso, o Metrô afirmou que realiza vistorias técnicas periódicas em imóveis próximos às frentes de obra, acompanhadas de instrumentos de monitoramento. Caso seja identificado algum dano, os moradores são realocados, os reparos são executados e o retorno ocorre “com plena segurança”, ou há o ressarcimento dos valores.
