O governador Tarcísio de Freitas, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, afirmou estar desconfortável com o ritmo das obras do BRT-ABC, sistema de média capacidade que promete ligar São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano e São Paulo. O modal foi escolhido no lugar da antiga Linha 18-Bronze do Metrô e tem capacidade inferior ao monotrilho que foi descontinuado.
Segundo Tarcísio, haverá aplicação de penalidades.
“A gente também está muito desconfortável com essas obras do BRT. A minha ideia é já começar a aplicar sanções e pactuar com a empresa. Primeiro, a contratação de boas empresas para fazer a obra; segundo, a execução da obra em margem urbana”, declarou.
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O governador ainda cobrou mais turnos de trabalho. “Se a gente continuar trabalhando em turno único, não vamos cumprir o cronograma que está estabelecido, que é de outubro do ano que vem. Para que esse cronograma seja cumprido, existem seis obras de arte a serem feitas, e elas sequer foram iniciadas. Se não avançarmos com trabalho profissional em margem urbana, não vamos atingir o objetivo”, afirmou.
Em outro momento da coletiva, Tarcísio chegou a mencionar a possibilidade de rompimento do contrato com a Next Mobilidade.
“Há o risco, inclusive, de decretar a caducidade da concessão. Vamos apertar para que o cronograma seja cumprido. Vamos exigir performance, como tem que ser. Reclamar do baixo andamento da obra não resolve, nós também estamos preocupados com isso. A ideia é impor mais um plano de trabalho para que possamos cumprir o programa, sob pena de aplicar todas as ações contratuais e ter a regulação sendo feita de forma rígida”, disse.
BRT VS Monotrilho
O BRT-ABC foi apresentado em 2019, na gestão do ex-governador João Doria, como a solução para destravar a ligação entre São Paulo e o ABC. Havia, entretanto, uma parceria público-privada firmada com o consórcio Vem ABC, que previa a construção de um monotrilho, com capacidade maior que a do BRT. O Estado, porém, não conseguiu desapropriar os terrenos necessários.
Na época, o BRT foi apresentado como uma alternativa mais rápida, mas, passados seis anos, o sistema ainda não está pronto. Além disso, o passageiro que utilizaria a Linha 18-Bronze terá agora um meio de transporte mais demorado, mais caro do ponto de vista tarifário e sem conexão direta com o restante da malha de trem e metrô.
No caso da Linha 18, a viagem entre o ABC e a capital duraria cerca de 29 minutos, enquanto no BRT, em sua modalidade expressa, a previsão é de 40 minutos. A tarifa do BRT deve seguir o valor praticado nas linhas intermunicipais, ao passo que a do monotrilho seria a mesma cobrada nas demais linhas de trem e metrô, atualmente em R$ 5,20.
Monotrilho: de problemas a linha mais bem avaliada
O monotrilho era até então uma novidade no transporte de massa na malha metroferroviária de São Paulo. A primeira experiência foi a Linha 15-Prata, que começou a operar em um trecho relevante entre 2019 e 2020, ligando Vila Prudente a São Mateus.
O início da operação, entretanto, foi traumático, com quedas de objetos na via que chegaram a suspender o serviço por cerca de três meses. Também houve registros de colisões entre trens.

Passados mais de 10 anos desde sua inauguração, observou-se uma estabilização no número de falhas e aumento no volume de passageiros, que hoje está na casa dos 150 mil por dia. Além disso, a Linha 15 é a mais bem avaliada entre todas as operadas pelo Metrô de São Paulo.
O modal, ainda assim, é alvo de críticas por parte da imprensa, que nem sempre leva em conta a opinião dos passageiros da Zona Leste, cujo deslocamento foi significativamente melhorado após a entrega do monotrilho.




