A Prefeitura de Santos anunciou a criação do maior museu ferroviário da América Latina, um projeto ambicioso que promete transformar a cidade em referência no resgate e valorização da história ferroviária do Brasil.
Inspirado em museus internacionais
Segundo nota divulgada pela gestão municipal, a proposta se inspira em instituições renomadas como o National Railway Museum (Reino Unido), o Cité du Train (França) e o Illinois Railway Museum (EUA). O objetivo é posicionar o novo museu como o maior do Brasil e o quinto maior do mundo, tanto em área quanto em acervo.

Conexão com a história dos bondes e ferrovias
O projeto integrará a atual linha turística de bondes, que percorre o Centro Histórico da cidade, a novos espaços expositivos permanentes. Entre eles, está o Armazém de Bagagens da antiga Estação do Valongo, que já está em fase de licitação por meio de parceria com o Governo do Estado, dentro do Programa de Turismo Ferroviário de São Paulo.
“Nosso investimento envolve a restauração dos armazéns e a compra de locomotivas e composições. Então vai ser um museu ferroviário no qual vamos mostrar os bondes e toda a história da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí”, afirmou o prefeito Rogério Santos.
Acervo rico e abordagem contemporânea
O museu será um equipamento cultural moderno, com curadoria especializada, pesquisa histórica, ações educativas e restauro técnico. O acervo vai muito além de locomotivas e bondes — incluirá também vagões de carga, carros de manutenção, peças mecânicas, mobiliário, uniformes, bilhetes, mapas, fotografias e documentos históricos, oferecendo uma narrativa ampla sobre o papel das ferrovias no desenvolvimento do país.
Projeção econômica e impacto social
De acordo com a coordenação do projeto, o museu terá forte impacto econômico e social. Atualmente, a linha de bondes já cobre boa parte dos seus custos operacionais. Com a revitalização do Centro Histórico, incluindo o Parque Valongo e a futura transferência do terminal de cruzeiros para a região, a expectativa é de que o número de visitantes dobre, ampliando a geração de receita.

Fontes de receita e ações complementares
Além da bilheteria, estão previstas outras fontes de receita e ações inovadoras:
- Aluguel de bondes para filmagens e eventos
- Espaços internos para locações e celebrações
- Loja com produtos temáticos
- Captação via leis de incentivo à cultura (Rouanet, ProAC, Aldir Blanc etc.)
- Parcerias com a iniciativa privada
- Programa de voluntariado e capacitação de pessoas em situação de vulnerabilidade social
Um novo modelo de gestão cultural
Para a Prefeitura, o projeto representa um modelo inovador de gestão, que une valorização do patrimônio histórico, dinamismo econômico, revitalização urbana, geração de emprego e formação cidadã.
“Esse museu não é apenas sobre trens — é sobre a nossa história, nossa identidade e sobre como a ferrovia moldou nossa região. Ao mesmo tempo, é um projeto moderno, com potencial turístico e econômico enorme. Estamos criando algo que o país ainda não tem e que será um orgulho internacional”, declarou Thales Veiga, assessor técnico e coordenador do projeto.
Acervo já em formação
O museu já conta com 13 bondes históricos vindos de países como Portugal, Itália e Japão. Também fazem parte do acervo três carros ferroviários da antiga Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, tombados pelo Condephaat como patrimônio histórico. A Prefeitura segue negociando com diversos órgãos para ampliar esse acervo, com a expectativa de incorporar mais 13 veículos até o fim do ano.
A previsão é que o museu comece a receber exposições itinerantes já em 2025, com inauguração oficial por etapas nos anos seguintes.