Rio planeja 251 km de VLT no lugar do BRT. Entenda o plano

Imagem editada por IA

A Prefeitura do Rio de Janeiro prepara uma mudança profunda no sistema de transporte de média capacidade da cidade. Em 2022, a gestão do prefeito Eduardo Paes anunciou o processo de “VLTzação” dos corredores BRT Transoeste e Transcarioca, que prevê a substituição gradual dos ônibus articulados por veículos leves sobre trilhos (VLT). A transição será realizada ao longo de 15 anos e promete transformar a infraestrutura viária da capital fluminense.

Com a conclusão do projeto, o Rio de Janeiro deve alcançar 251 quilômetros de trilhos, tornando-se o maior sistema de VLT das Américas. A proposta só é viável, segundo a administração municipal, graças ao investimento já realizado na implantação da infraestrutura dos corredores BRT, que serão parcialmente reaproveitados na conversão.

O estudo nacional de mobilidade urbana do BNDES e Minitério das cidades trouxe detalhes dos planos:

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Transoeste: de Santa Cruz ao Jardim Oceânico com trilhos

O corredor BRT Transoeste, que conecta o Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, a Santa Cruz, será o primeiro a passar por conversão. O projeto prevê a transformação de 44,6 quilômetros do traçado, com previsão de 44 estações ao longo do trecho. A Avenida Cesário de Melo, no entanto, ficou de fora do plano de VLTzação.

Esse eixo viário é considerado estratégico para os deslocamentos dentro da cidade e também para a Região Metropolitana. A nova linha pretende substituir completamente o sistema rodoviário BRT por um modal sobre trilhos, com maior capacidade e confiabilidade. O projeto encontra-se em estágio avançado de estudos, incluindo avaliação técnica, plano operacional, projeção de demanda, modelagem de negócios e análise ambiental. A estimativa de custo operacional anual (OPEX) gira em torno de R$ 186 milhões, e a prefeitura inscreveu o projeto no PAC Mobilidade para captar recursos.

Fabio Motta

Transcarioca: conexão modernizada até a Cidade Universitária

O segundo eixo a ser transformado será o corredor Transcarioca, que liga o Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, ao Terminal Aroldo Melodia, na Cidade Universitária. O trecho de 35,6 quilômetros será convertido para o sistema de VLT, com 52 estações previstas. O trajeto até o Aeroporto Internacional do Galeão não está incluído na proposta, mas será atendido por um shuttle elétrico, conforme o projeto.

A Transcarioca é um dos corredores mais movimentados da cidade e liga importantes bairros da Zona Oeste e Zona Norte. A expectativa é que a troca do sistema BRT a diesel por veículos sobre trilhos elétricos melhore a qualidade do serviço, com menor intervalo entre composições, maior capacidade e tecnologia menos poluente.

O projeto também se encontra em estágio avançado de estruturação, com estudos técnico-econômicos e de concessão em andamento. O custo operacional estimado é de R$ 181 milhões anuais e, assim como a Transoeste, o projeto foi submetido ao PAC Mobilidade.

Renato Lobo | Via Trolebus

Avanço técnico, mas sem financiamento definido

Ambos os projetos — Transoeste e Transcarioca — já contam com estudos de viabilidade técnica e econômica detalhados, incluindo modelagens de concessão. No entanto, ainda não há definição sobre as fontes de financiamento para viabilizar as obras.

A transformação marca uma mudança de paradigma na mobilidade do Rio, que passaria de um modelo rodoviário articulado para uma malha ferroviária de superfície mais moderna, eficiente e sustentável. Caso os investimentos se confirmem, o Rio poderá ser pioneiro em adotar essa conversão em larga escala, servindo de modelo para outras metrópoles brasileiras.

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.
Via Trolebus