Sistema de trólebus de São Paulo completa 76 anos em meio a incertezas
Neste 22 de abril, o sistema de trólebus da cidade de São Paulo completa 76 anos de existência — uma história marcada por altos e baixos, além de fatos curiosos, como o período em que o próprio poder público chegou a produzir seus próprios veículos.
A primeira linha ligava o Aclimação ao Centro de São Paulo, trajeto que é atendido até hoje por uma versão estendida, indo até o Pacaembu. Trata-se da linha 408A – Cardoso de Almeida/Machado de Assis, que leva o nome das ruas onde estão localizados os pontos inicial e final.
Ao longo de mais de sete décadas e meia, o sistema passou por momentos críticos, como nos anos 1970, quando perdeu a garagem do Aclimação e teve 37 veículos desativados. No entanto, ganhou fôlego no final da mesma década, com o Plano Sistram, que previa a implantação de corredores estruturados, como os das avenidas Paes de Barros, Celso Garcia e Nove de Julho.

O auge
O auge do sistema ocorreu na década de 1990, quando chegou a contar com quase 560 veículos e 326 km de rede elétrica. Foi nesse período que o sistema foi privatizado e também se tentou implantar um VLP (Veículo Leve sobre Pneus) com tecnologia de trólebus — o Fura-Fila.
Já nos anos 2000, metade da frota foi desativada sem justificativa técnica aparente. Foram retirados de circulação 261 ônibus, alguns com menos de cinco anos de uso. O sistema voltou a ganhar sobrevida nos anos 2010, com a renovação completa da frota.
Futuro incerto
Agora, em pleno 2025, em um cenário onde se discute sustentabilidade e transporte limpo, o sistema de trólebus corre o maior risco de ser extinto. Apesar de não haver uma posição oficial da SPTrans, o prefeito Ricardo Nunes já declarou a intenção de aposentar os veículos, coincidindo com o fim da vida útil da frota atual, previsto para 2028.
Caso a medida seja implementada, ela contraria a tendência global de adoção de tecnologias menos poluentes. Cidades como Pequim, por exemplo, vêm apostando na hibridização entre trólebus e ônibus a bateria. Nessa solução, os veículos trafegam conectados à rede elétrica — recarregando as baterias — e operam no modo autônomo em áreas sem fiação.

A atual administração prometeu implantar 2.600 ônibus a bateria, mas até agora o plano não saiu do papel, principalmente por falta de infraestrutura nas garagens. Enquanto isso, a rede de trólebus existente, que poderia servir como base para recarga, corre o risco de desaparecer.