Os desafios da manutenção no VLT Carioca

 Manutenção no VLT do Rio exige precisão em área urbana e subterrânea

Imagine realizar a manutenção de trilhos localizados em uma região movimentada, onde milhares de pedestres circulam todos os dias, e onde o sistema elétrico dos trens é instalado no subsolo.

Esse é o desafio enfrentado na manutenção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Rio de Janeiro. O sistema utiliza uma tecnologia chamada Alimentação Pelo Solo (APS), que capta energia elétrica por meio de um terceiro trilho enterrado, eliminando a necessidade de cabos aéreos (catenárias).

No entanto, essa infraestrutura elétrica compartilha o subsolo com outras estruturas urbanas, como as redes de abastecimento de água, cada uma com suas respectivas caixas subterrâneas. Quando há, por exemplo, um vazamento em dutos de água, isso pode afetar diretamente a alimentação elétrica do VLT — e foi exatamente o que aconteceu.

“Então, a gente investigou, investigou onde estava essa tubulação, a gente fez várias prospecções ao longo do traçado, muitas interferências dificultaram as nossas avaliações porque a gente estava querendo interferir o menos possível na nossa operação. Como é que a gente pode tratar isso sem impactar a operação? De madrugada, fazendo trabalhos que a gente conseguisse conviver, como todo modal metroferroviário, tudo acontece de madrugada”, contou Débora Cristina Faria de Araújo, gerente de manutenção do VLT carioca ao ViaTrolebus.

Para resolver o problema, a engenheira Débora e sua equipe iniciaram uma força-tarefa. Com base em estudos realizados a partir dos equipamentos já instalados no solo, e com o apoio das equipes da operadora do VLT Carioca e da concessionária Águas do Rio, foi possível localizar e intervir no ponto de vazamento.

Mas pela complexidade do trabalho, era necessários mais dias de intervenção. Então as equipes resolveram usar os dias do carnaval, que já há intervenção no VLT para blocos de rua.

“A gente procurou pesquisar alguns históricos, envolveu agora a concessionária que é Águas do Rio. A CEDAI foi privatizada uns três anos atrás. Então, a gente teve essa interlocução com a concessionária Águas do Rio, que também se mostrou interessada porque era um vazamento.”

Outro desafio importante foi decidir quando realizar a manutenção. O VLT transporta, em média, 80 mil passageiros por dia, e qualquer interrupção em dias úteis poderia gerar grandes transtornos à população. A operação exigiu planejamento rigoroso para minimizar os impactos no serviço.

A gente fazer uma avaliação técnica em campo, de engenharia, e eu achei que isso era importante, a minha presença nesse momento lá para tomar decisões que talvez fossem indelegáveis, até pelo histórico desse trabalho que a gente está fazendo, que eu estou participando. Levei junto comigo a Ana Sorgini, que é da engenharia aqui no VLT, que assiste a minha área. Então, foi a dupla feminina, coincidentemente próximo do Dia da Mulher.

Renato Lobo

A intervenção contou com o trabalho conjunto de sete profissionais do VLT Carioca e 13 colaboradores da Águas do Rio, destacando a importância da cooperação entre diferentes setores para garantir o funcionamento seguro do sistema.

Os trabalhos começaram na sexta, e perduraram em todo o final de semana do carnaval, com a identificação do vazamento, e a troca de tubulação.

Voltamos na segunda-feira de carnaval, abrimos as caixas, outro momento de expectativa, continuava na mesma situação que a gente deixou na noite anterior, momento de comemoração. Aí, agora, a gente começou a parte de recomposição mesmo, né? O fundo da caixa, o material drenante, recolocação dos cabos nos seus lugares, e a equipe de energia restabelecer com a colocação dos equipamentos e efetivamente confirmar se a gente não tinha dado nenhum… causado nenhum dano. Colocado nenhuma falha no sistema que já existia antes do próprio VLT. Então, o que a gente tinha a perspectiva de terminar na terça-feira, a gente conseguiu terminar na segunda à noite.

Então, na madrugada de segunda para terça, a gente já tinha conseguido restabelecer completamente o trabalho que a gente tinha programado com mais um dia de atuação.

Confira a entrevista completa de Débora em nosso canal:

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Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.
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