A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) lançou oficialmente uma licitação voltada à análise da implantação de um novo serviço de transporte ferroviário de passageiros no Litoral Sul e na região do Vale do Ribeira, em São Paulo.
No portal de licitações da empresa, foi anunciada a contratação para a “prestação de serviços de levantamento aerofotogramétrico planialtimétrico georreferenciado para subsidiar estudos de expansão da malha ferroviária para transporte de passageiros no eixo sul e regiões adjacentes.” A área contemplada abrange o traçado da antiga ferrovia Santos–Cajati, que acompanha boa parte da extensão do Litoral Sul do estado.
Segundo o edital, o prazo de execução dos serviços será de nove meses, contados a partir da emissão da Ordem de Serviço (O.S.), que deverá ser liberada pela CPTM em até 15 dias corridos após a assinatura do contrato.

Potencial para transporte ferroviário na região
Atualmente, o deslocamento entre os municípios do litoral — como Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente e Santos — ocorre exclusivamente por rodovias, especialmente a Padre Manuel da Nóbrega. O transporte público é feito por ônibus intermunicipais gerenciados pela EMTU.

O eixo ferroviário em estudo parte de Santos e São Vicente, percorre a faixa litorânea até Peruíbe e, em seguida, adentra a região do Vale do Ribeira, passando por cidades como Registro e Pedro de Toledo. A implantação de um serviço ferroviário — seja por trem regional ou Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) — poderia facilitar tanto os deslocamentos regionais quanto os locais, como o transporte entre as praias, a depender da tecnologia escolhida.
O futuro da CPTM
A contratação desse novo estudo pode indicar um novo papel estratégico para a CPTM. Com a concessão de sua última linha operacional, a Linha 10-Turquesa, a companhia caminha para deixar de atuar como operadora e assumir funções voltadas ao planejamento e desenvolvimento do transporte ferroviário de passageiros no estado.
Histórico da ferrovia
O site Estações Ferroviárias relata que o ramal ferroviário foi construído pelos ingleses da Southern São Paulo Railway entre os anos de 1913 e 1915, ligando Santos a Juquiá. Em novembro de 1927, o Governo do Estado de São Paulo adquiriu a linha e, no mês seguinte, transferiu sua administração para a Sorocabana, que já era uma ferrovia estatal na época.

O trecho entre Santos e Samaritá foi incorporado à ferrovia Mairinque–Santos, que então estava em fase inicial de construção na região da Serra do Mar. Já o restante da linha passou a ser conhecido como Ramal de Juquiá. Com o passar dos anos, novas estações foram implantadas, e, em 1981, a linha foi estendida até Cajati pela Fepasa — que havia assumido a ferrovia desde 1971 — para atender às indústrias de fertilizantes da região.
O serviço de transporte de passageiros entre Santos e Juquiá foi interrompido em 1977, retomado em 1983, mas descontinuado de forma definitiva em 1997. A linha, no entanto, continuou sendo utilizada para transporte de cargas, com trens passando quase diariamente, especialmente levando enxofre do porto até Cajati. Essa operação seguiu até o início de 2003, quando deslizamentos de terra atingiram a via na região do Vale do Ribeira. Com isso, o tráfego foi suspenso e a concessionária Ferroban desativou a ferrovia, que rapidamente ficou coberta pela vegetação.
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