BRT ABC vai atrasar mais uma vez

Foto: Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP

Promessa de ligação rápida entre São Paulo e São Bernardo do Campo, o BRT ABC sofre novo atraso

Apresentado como uma alternativa mais rápida e barata para ligar São Paulo a São Bernardo do Campo, passando por São Caetano do Sul e Santo André, o BRT ABC terá sua entrega adiada mais uma vez. O corredor de ônibus elétrico de média capacidade foi anunciado em 2019, substituindo a antiga proposta da Linha 18-Bronze do Metrô, que seria construída em monotrilho.

A informação sobre o novo atraso foi divulgada por veículos especializados em mobilidade urbana, como o Plamurb, Diário do Transporte e o site Metrópoles. A pista exclusiva para ônibus será aberta em junho de 2026.

Substituição do monotrilho pelo BRT

O projeto do BRT foi lançado durante a gestão do ex-governador João Doria, com o argumento de que a obra seria mais ágil e menos custosa aos cofres públicos do que a construção do monotrilho. No entanto, um dos principais argumentos para a mudança — a agilidade — está sendo colocado em xeque.

O contrato da PPP da Linha 18-Bronze foi firmado em 2014, mas o Governo do Estado não realizou as desapropriações previstas no projeto. Em 2019, o site MetrôCPTM divulgou que o Estado poderia contrair até R$ 603 milhões em empréstimos para viabilizar as desapropriações necessárias à implantação da linha.

O mesmo site também informou que a indenização pela rescisão do contrato da Linha 18-Bronze pode chegar a R$ 516 milhões, segundo laudo técnico. Esse valor corresponde ao montante a ser pago à concessionária responsável pelo monotrilho, já que o Estado decidiu encerrar a Parceria Público-Privada (PPP) firmada para o projeto.

O que depõe contra o BRT?

Apesar de mais barato na implantação, o BRT deve oferecer uma viagem mais demorada em comparação ao monotrilho. A estimativa é de que o percurso entre São Paulo e São Bernardo leve cerca de 40 minutos no BRT, contra 29 minutos no monotrilho. Os ônibus acabam ficando reféns dos semáforos.

Foto: Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP

Outro ponto negativo é que, embora o BRT tenha custo menor para o governo, a tarifa para o passageiro tende a ser mais alta. Isso porque o sistema não terá integração plena com a rede de trens e metrô, o que pode exigir o pagamento de uma segunda passagem para completar o trajeto, ou então um desconto.

 

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.
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