Linha 14 da CPTM pode nascer saturada, dizem especialistas

Renato Lobo

A primeira audiência pública sobre a concessão das Linhas 10 e 14 da CPTM ocorreu nesta quarta-feira, abordando diversos aspectos do projeto de concessão dos dois eixos de transporte.

Um dos temas levantados por dois munícipes foi a possível saturação da futura Linha 14-Ônix, que ligará o ABC a Guarulhos. Entre os participantes que trouxeram questionamentos estavam Thiago Silva, do site Plamurb, e Jean Carlos, do canal SP Sobre Trilhos e do site MetroCPTM.

“A gente sabe que essa demanda é fabricada para o VLT. Essa demanda foi adequada para o VLT e não vai atender a população. Vai nascer inadequada”, diz Thiago.

O novo eixo de transporte será construído e gerido pela nova operadora da Linha 10-Turquesa. O leilão está previsto para este ano. Deve ligar a região de Bonsucesso, em Guarulhos, até o Jardim Irene, em Santo André, passando por bairros da zona leste, como São Miguel Paulista, Itaquera e Sapopemba.

Trem teria maior capacidade

O Plano Integrado de Transportes Urbanos (PITU) 2040, estudo que planeja a expansão da malha de transporte da região, projetou a Linha 14 indo até São Bernardo do Campo. Nesse planejamento, a linha seria operada por trens de alta capacidade (trem pesado) e poderia alcançar uma demanda de até 750 mil passageiros diários, conforme estudo realizado pelo consórcio Systra-Logit.

Já o estudo apresentado pela Secretaria de Parcerias e Investimentos prevê a operação da Linha 14 com Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), com uma demanda estimada em menos de 250 mil passageiros por dia. No projeto da secretaria, a linha teria seu traçado estendido até o Jardim Irene.

Divulgação: Governo de SP

As minutas do edital indicam que o trem pesado poderia atingir velocidades maiores, já que seria completamente segregado, com uma velocidade média de cerca de 41 km/h, enquanto o VLT teria uma velocidade média de 21 km/h. O trem seria todo segregado enquanto o VLT será semi-segregado, com trechos em túnel, elevador e no solo.

No projeto apresentado pelo governo, o passageiro que for de Santo André até Guarulhos em até 1h30.

Foto: Renato Lobo

O que diz o governo?

Augusto Almudin, diretor de Assuntos Corporativos da Secretaria de Parcerias e Investimentos do Governo do Estado de São Paulo, respondeu as questões referentes a demanda menor do VLT em relação ao trem pesado. O que pesou na escolha foi custo da implantação, e na avaliação da administração estadual, o VLT  “atende a demanda com folga”.

A linha em trem pesado teria um investimento estimado em R$ 26 bilhões, enquanto a opção pelo VLT semi-segregado (Jardim Helena <> ABC) reduziria o CAPEX em aproximadamente R$ 8,5 bilhões.

Almudin afirmou que a pasta estudou as modelagens por um ano, e a escolha do VLT foi justificada pela possibilidade de atender à demanda prevista, funcionando como uma linha alimentadora, caracterizada por alta renovação de passageiros ao longo do trajeto.

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.
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