Pedro Moro comenta desafios e avanços da TIC Trens na operação da Linha 7 e no Trem Intercidades
Pedro Moro, diretor de Operações e Manutenção da TIC Trens, tem a responsabilidade de liderar a operacionalização de grandes projetos ferroviários no estado de São Paulo, como a implantação do Trem Intercidades (TIC), que conectará São Paulo e Campinas, o Trem Intermetropolitano, que atenderá cidades como Valinhos, Louveira e Vinhedo, e a revitalização da Linha 7-Rubi. Durante um encontro promovido pela TIC Trens com veículos especializados em mobilidade, como Via Trolebus, MetrôCPTM e Diário dos Trilhos, Moro compartilhou detalhes e expectativas sobre os projetos.
Moro, que já esteve a frente da CPTM, agora está do outro lado do balcão, e comanda a operação da futura concessionária que deve assumir os trabalhos da Linha 7 em novembro de 2025. Os treinamentos junto com a CPTM já começaram.
Cronograma e desafios operacionais
Moro revelou os prazos previstos para os novos serviços:
- Linha 7-Rubi: A TIC Trens assumirá a operação em novembro de 2025, com treinamentos já em andamento.
- Trem Intermetropolitano (Jundiaí-Campinas): Está previsto para iniciar em 2029.
- Trem Intercidades – Eixo Norte (Barra Funda-Campinas): A operação deve começar em 2031.
Segundo o diretor, apesar de 2029 e 2031 parecerem distantes, o prazo para projetos dessa magnitude é apertado. “Para fazer um projeto desse tipo, o tempo passa voando”, comentou.
Frota e características dos trens
A frota de 22 novos trens será dividida entre os serviços:
- 15 composições para o serviço expresso
- 7 composições para o serviço intermetropolitano.
Moro informou que os trens urbanos devem seguir as características da Série 2500, usada atualmente pela CPTM, e que o projeto conceitual está em fase inicial. Não foi revelada qual empresa vai produzir o material rodante.
Sobre os trens do serviço expresso, ele confirmou a possibilidade de adotar composições de 12 carros com pavimento único, substituindo os modelos double-decker previstos no edital. “Ainda estamos definindo o modelo conceitual. Estamos discutindo a quantidade de carros, mas a princípio será esse formato”, explicou.
Além disso, Moro destacou que haverá flexibilidade para intercâmbio de frota entre os serviços. “Os trens Série 9500, herdados da CPTM, permanecerão na Linha 7, enquanto os semelhantes à Série 2500 serão usados no Trem Intermetropolitano, e os trens de viagem no serviço expresso. Porém, a operação sempre terá válvulas de escape para atender às necessidades, e a interoperabilidade da frota será fundamental.”
Mudanças na Série 9500
O layout dos trens da Série 9500 será alterado gradativamente após a TIC Trens assumir a operação da Linha 7. Moro afirmou que a definição do novo layout deve ocorrer nos próximos meses, permitindo que as alterações comecem já no final de 2025. “Os 30 trens dessa série serão mantidos na concessão, e as mudanças serão implementadas logo após assumirmos a operação”, comentou.
Operação da Linha 7
A TIC Trens iniciará os trabalhos na Linha 7 partindo da Estação Barra Funda, em um cenário onde a Linha 11-Coral deverá operar até a região oeste da cidade em tempo integral. Moro ressaltou que o atendimento a Francisco Morato e Jundiaí será mantido conforme o modelo atual operado pela CPTM, com trens alternando os destinos.
Operação do Trem Intercidades
Todos os trens expressos entre Barra Funda e Campinas realizarão parada em Jundiaí, com duração de dois minutos. Essa parada é necessária devido à necessidade de ultrapassagens e ajustes na operação. As estações contarão com plataformas específicas para o serviço expresso, que terá somente lugares sentados e assentos marcados. “A princípio, todos os trens param em Jundiaí, até porque é como você tem os sites de ultrapassagem, você precisa ter uma operação muito bem regulada”, comentou.
Sobre as opções de viagem, Moro afirmou que até 20% dos assentos podem ser destinados a uma classe executiva, conforme previsto no edital.
Extensão até Americana
Moro também comentou sobre a possível extensão do Trem Intercidades até Americana, um projeto que ainda está em fase de estudos pelo governo estadual. “Estamos focados em concluir o projeto atual, mas a extensão é interessante. No entanto, há desafios significativos, como a necessidade de desapropriações devido ao traçado já ocupado pela concessionária Rumo”, explicou.
Comprometimento com os prazos
Apesar dos desafios, Moro demonstrou otimismo em relação à equipe da TIC Trens. “Temos um time muito capacitado, que trabalha 24 horas por dia para cumprir os prazos”, declarou.
Ele finalizou com uma reflexão sobre o impacto histórico do projeto: “a gente precisa voltar 50 anos no tempo para poder andar 50 para frente”.