O projeto do Túnel Santos-Guarujá prevê a construção de uma passagem submersa com 870 metros de extensão, a 21 metros de profundidade sob o mar. Este será o primeiro túnel da América Latina construído nesse modelo. Atualmente, a travessia entre Santos e Guarujá é feita por balsas ou por uma rodovia de cerca de 40 km.
O Governo do Estado está na fase de audiências públicas, com uma delas realizada nesta quinta-feira. Durante o evento, uma das representantes do Estado explicou o método construtivo e esclareceu dúvidas, incluindo a razão pela qual não serão utilizados tuneladores, conhecidos como tatuzões, normalmente usados em escavações de linhas de metrô.
Raquel França Carneiro, Diretora de Econômico-Financeiro da Companhia Paulista de Parcerias, representando a Secretaria de Parcerias e Investimentos, explicou que o solo no eixo do canal é composto por argila mole, um terreno resistente. Caso fosse utilizado um tatuzão, a profundidade necessária em relação ao fundo do canal seria muito grande, entre 70 e 90 metros. Respeitando a inclinação máxima permitida, o túnel acabaria invadindo áreas urbanas.
A tecnologia escolhida é a do túnel imerso, utilizada há mais de 100 anos em países como Holanda, Dinamarca e Argentina. O processo envolve a escavação de uma trincheira no fundo do canal, onde o túnel, fabricado em segmentos na superfície, é posteriormente transportado e imerso. A água presente nas câmaras provisórias dos módulos é bombeada, permitindo que os elementos do túnel submerjam lentamente. Esse procedimento é controlado por sensores.
Os segmentos do túnel são posicionados e aproximados por guinchos hidráulicos até que se conectem. A união final entre os módulos é realizada por meio da diferença de pressão atmosférica dentro do elemento já posicionado e a pressão exercida pela água sobre o novo módulo.
O projeto foi qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e integrado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Prevê investimento total de R$ 5,96 bilhões. Deste total, 86% deverão vir de aporte público dividido igualmente entre o Governo de São Paulo e a União, além de participação da iniciativa privada.