Soluções para melhorar a operação e proporcionar uma viagem mais eficiente aos passageiros podem vir da própria operadora. Um exemplo disso é que metroviários de São Paulo desenvolveram um sistema capaz de monitorar, em tempo real, diversos indicadores dos trens, permitindo uma tomada de decisão mais ágil e eficaz na operação.
Nesta quinta-feira, 18 de outubro, o Via Trolebus visitou o Centro de Controle Operacional (CCO) Vergueiro, o cérebro das Linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, e conheceu o sistema chamado Thoth – Transformando Dados em Informações Estratégicas. O nome faz referência ao deus egípcio do conhecimento e da sabedoria, e o sistema funciona como os “olhos” do CCO dentro dos trens em operação.
Tecnologia desenvolvida por trabalhadores
O projeto envolveu cerca de 20 metroviários, incluindo alguns operadores de trem. O sistema, que já está em uso nas Linhas 1-Azul e 2-Verde, utiliza o CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação), tecnologia que gerencia a sinalização dos trens. Em outras palavras, e a ferramenta que gere toda a programação das composições, desde partidas, intervalos e velocidades.
Na Linha 3-Vermelha, o sistema será implantado à medida que a funcionalidade esteja operacional neste antigo ramal leste-oeste.
Como era antes do Thoth?
Os equipamentos da composição, como portas, ar-condicionado, sistemas pneumáticos, motores e tração, já contavam com sensores que alertavam o operador na cabine sobre anormalidades. Em caso de problemas, o operador precisava localizar a falha para agir. Por exemplo, quando uma porta ficava impedida de fechar, atrasando a operação, o operador tinha que identificar manualmente o equipamento com problema.
Como funciona agora?
Os sensores dos trens estão conectados diretamente ao CCO. Os painéis localizados na central de Vergueiro conseguem identificar exatamente qual porta está obstruída, permitindo que o operador ou outro funcionário da estação resolva o problema rapidamente. O sistema também detecta situações como o uso de extintores e presença de fumaça dentro dos vagões, caso algum passageiro tente fumar — prática proibida no transporte público.
“Nosso trem possui diversos sistemas. Por exemplo, o sistema de portas conta com muita automação e sensores de abertura e fechamento. Essas informações são transmitidas por uma rede e enviadas via rádio no nosso sistema de sinalização. O Thoth vai lapidar esses dados”, afirma William Eder Reis da Silva, gerente do projeto.
Sistemas monitorados:
- Sistema de tração e motores;
- Portas;
- ar condicionado;
- sistemas anti-incêndio;
- peso do trem;
- sistema elétrico;
- sistema pneumático.
Monitoramento da lotação em tempo real
Um dos sensores mede o peso total do trem, e com base em modelos matemáticos, o CCO consegue determinar a ocupação dos vagões por metro quadrado. Isso permite uma atuação mais eficiente, como enviar trens com maior capacidade para estações com alta demanda, beneficiando os passageiros que aguardam nas plataformas.
Redução no tempo de atuação
Com a nova funcionalidade, o metrô conseguiu reduzir alguns tempos de atendimentos que impactam diretamento a operação. É o caso do acionamento do botão-soco para socorro de algum passageiro, ou em caso de anormalidades dentro do trem.
“Com o Thoth, conseguimos reduzir, por exemplo, o tempo de atendimento aos dispositivos de emergência em um a dois minutos”, afirma William.
Dois minutos durante a operação no horário de pico, que contam com intervalos de cerca de 127 segundos, dependendo da linha, podem fazer a diferença na liberação das demais composições.
Confira a entrevista completa: