Jogos como SimCity, Cities XL e Cities: Skylines simulam como criar uma cidade e toda a sua infraestrutura, como redes de transporte de massa, incluindo o metrô. No mundo virtual, uma análise simples do jogo pode determinar por qual região o transporte vai passar. E na vida real, o que determina uma nova linha de metrô?
Basicamente, uma nova linha nasce de uma das mais importantes pesquisas do Brasil sobre Mobilidade Urbana: a Pesquisa Origem-Destino do Metrô, iniciada antes da inauguração da primeira linha.
“E, a partir daí, a cada dez anos, o metrô tem feito a Pesquisa Origem-Destino. Fizemos a última em 2017 e estamos agora em campo fazendo a pesquisa O.D. 2023. O metrô tomou a decisão de antecipar a pesquisa de 2027 por conta dos impactos muito fortes da pandemia e de toda a mobilidade”, afirma Luiz Antonio Cortez Ferreira, Gerente de Planejamento e Meio Ambiente do Metrô.
A pandemia mudou os padrões de deslocamento, e o transporte coletivo foi diretamente afetado. Não é exagero dizer que a crise sanitária transformou para sempre a forma como as pessoas se deslocam até hoje.
Após a coleta, os dados são interpretados por programas que simulam a origem e o destino dos passageiros, por exemplo, qual o volume de passageiros que vai de uma região para outra. E essa simulação leva em conta os outros meios de transporte. Essas simulações são as que vão indicar onde será necessário construir uma nova linha de metrô.
“Em paralelo, fazemos a rede de simulação. Toda pesquisa é pensada para alimentar os modelos de simulação, os softwares de simulação de demanda. Temos todo o registro da rede de transporte da região metropolitana de São Paulo e condição de prever, no futuro, com razoável grau de confiabilidade, quais serão as demandas futuras. Isso é fundamental para o projeto de uma nova linha. Vai servir para fazer a modelagem econômico-financeira e os estudos de viabilidade necessários. Vai servir para dimensionar os projetos, vai servir para tudo isso”, comenta Cortez.
Desenhando a nova rede
Além das linhas em construção, como a 6-Laranja e a 17-Ouro, e das expansões em curso, há uma lista de linhas que fazem parte dessa rede futura. Depois das simulações, e tomada a decisão técnica de escolher uma linha X ou Y, chega a hora de aprofundar as análises daquele futuro atendimento.
“Temos diretrizes de atendimento. Identificamos que é preciso fazer uma identificação norte-sul que atenda a tal região e passe por tal ponto. O passo seguinte é o desenvolvimento do projeto da linha. Então, com base em uma sequência de simulações, que é um trabalho exaustivo em que se simula linha por linha, acrescenta-se um trecho, acrescenta-se outro, fazendo uma análise combinatória para ver qual a prioridade do ponto de vista técnico”, conta o gerente do Metrô.
Após as análises, as linhas elencadas são submetidas a aprovações de órgãos do governo estadual, como a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, além da equipe do governador. E, ainda que tenha havido alternâncias no poder de quem ocupa a cadeira no Palácio dos Bandeirantes, o cardápio das futuras linhas tem se mantido.
Escolhidos os projetos a serem tocados, chega a fase de projeto. A primeira é o projeto diretriz. Depois, chega a fase do anteprojeto de engenharia e, por fim, o projeto básico. O projeto executivo acompanha o início e o decorrer da obra.
Crescimento dinâmico
O crescimento e os deslocamentos da metrópole são dinâmicos, e algumas linhas projetadas nos anos 60 acabaram não saindo do papel porque o planejamento do Metrô entendeu que não faria mais sentido tocar tais projetos. Na estação Paraíso, por exemplo, há uma plataforma escondida que o Via Trolebus teve acesso. O mesmo ocorre em Pedro II, com uma plataforma subterrânea. Nos dois casos, embora não tenham sido construídas novas linhas que passariam por essas estações, os espaços ganharam outros usos. O primeiro serve como estacionamento de veículos de manutenção, e o segundo serve como abrigo para pessoas em situação de rua em dias de baixa temperatura. Na primeira configuração da rede metroviária prevista na década de 60, a linha 1-Azul operaria em “Y”, com trens ora partindo de Santana rumo a Jabaquara, ora partindo de Santana até Moema. Essa plataforma seria usada pelos trens no sentido Moema. No caso de Pedro II, seria uma extensão da Linha 4-Amarela após a Luz.
Com um pouco mais de 100 quilômetros de extensão, a rede metroviária paulista agora é pensada para atender outras cidades, além da capital paulista. Das quatro novas linhas prioritárias, três delas ultrapassam os limites da cidade de São Paulo.
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