Equipamento tem "olhos de cobra"
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Equipamento tem “olhos de cobra” para o funcionamento dos trens em SP

Tão importante como trens funcionando e estações recebendo passageiros, é o sistema de energia de uma ferrovia. Sem ele, não é possível manter composições operando, estações funcionando e fornecimento de energia para a sinalização das vias. Há um verdadeiro exército de pessoas que mantém esses equipamentos funcionando. A energia para sistemas como esse provém de fontes consideradas limpas, ou seja, não geram poluição, como a emissão de gases do efeito estufa. Aliadas a tudo isso, estão inovações tecnológicas presentes em equipamentos inusitados, como é o caso de um deles, inspirado no sistema visual de alguns répteis: o termovisor.

O sistema de energia

Ao longo das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, operadas pela ViaMobilidade, como de praxe nas ferrovias, há subestações de energia. Basicamente, são as portas de entrada de toda a energia que vem da concessionária. O fornecimento de energia elétrica é diferente da conta que chega nas residências. Grandes consumidores compram a energia por demanda, isto é, o contrato de fornecimento indica o valor que a operadora vai pagar referentes aos kilowatts contratados, em sua totalidade.

Subestação Dutra, na Linha 9-Esmeralda

A energia elétrica é fornecida pela concessionária através da distribuição de 88kV. Ao chegar na subestação, ela é direcionada para três sistemas distintos: tração, sinalização e auxiliar.

No sistema de tração, ocorre um duplo processo de rebaixamento e conversão da tensão. A partir dos 88kV, a energia é reduzida e convertida para 3kV em corrente contínua. Esse sistema é responsável por alimentar o circuito da rede aérea do trecho, garantindo a energia necessária para a operação do sistema de tração.

Já no sistema de sinalização, a tensão de 88kV é reduzida para 6.6kV. Essa diminuição de tensão é crucial para fornecer energia ao circuito de sinalização de via do trecho, assegurando que os dispositivos de sinalização operem de maneira eficiente.

Sistema Auxiliar: Por fim, no sistema auxiliar, a tensão de 88kV é reduzida para 220V. Esse processo possibilita a alimentação do circuito de iluminação e tomadas presentes na subestação, garantindo o suprimento elétrico necessário para essas demandas específicas.

Energia chega pelas linhas de transmissão

Para que esse processo funcione adequadamente, as duas ferrovias contam com dez subestações, e de acordo com cronograma de investimentos, outras duas devem ser instaladas para aumento da eficiência e demanda dos trens. A Linha 8-Diamante conta com seis subestações nas regiões das estações Palmeiras-Barra Funda, Imperatriz Leopoldina, Osasco, Jandira, Santa Terezinha e Santa Rita. Já a 9-Esmeralda, conta com os sistemas em Bruno Covas / Mendes-Vila Natal, Cidade Dutra, Morumbi e Jaguaré. Posteriormente, devem ser instaladas subestações nas regiões de Socorro e Cidade Jardim, que irão aumentar a potência e, consequentemente, possibilitar maior oferta de trens, menor intervalo e maior velocidade de trajeto.

Os planos de investimentos da ViaMobilidade nas linhas 8 e 9 já contemplaram a substituição de 8.000 metros de cabo mensageiro (aquele que fica acima do fio de contato dos pantógrafos), 11.300 metros de fio de contato e 220 conexões equipotenciais.

O contrato de concessão prevê investimentos de R$ 3 bilhões em manutenção, conservação, melhorias, requalificação, adequação e expansão das linhas ao longo dos 30 anos de contrato. Desde que assumiu as operações das Linhas 8 e 9, a ViaMobilidade já investiu mais de R$ 2,5 bilhões em modernização do sistema, em manutenção preventiva e em melhorias das estações. Nos três primeiros anos da concessão, o volume de investimentos irá alcançar R$ 3,8 bilhões.

Nas mãos de pessoas

Mesmo com investimentos em tecnologia e automação, o sistema de energia nas Linhas 8- Diamante e 9-Esmeralda conta com mãos cuidadosas para que toda essa rede funcione, e a operação seja garantida para um milhão de passageiros por dia.

Ao todo, são cerca de 127 trabalhadores que mantêm os equipamentos em pleno funcionamento, distribuídos em diversos locais e turnos de forma estratégica, para que toda operação atue de forme correta e qualquer atuação seja atendida com o máximo de brevidade e eficiência.

Olhos de cobra

Um dos equipamentos utilizados para manutenção do sistema elétrico é capaz de antever falhas e possui “olhos de cobra”. O chamado termovisor conta com uma câmera que enxerga a superfície das estruturas por meio da radiação infravermelha, permitindo então visualizar as variações de temperatura. É utilizado em todos os sistemas de baixa, média e alta tensão. Em baixa tensão, localiza pontos defeituosos e sobrecargas. Na média tensão, pode localizar pontos aquecidos nos terminais e conectores de disjuntores e transformadores. Em alta tensão, inspeciona as subestações podendo prever futuras falhas decorrentes do superaquecimento. Essa tecnologia desempenha um papel crucial na manutenção preditiva e prevenção de falhas em sistemas elétricos.

O termovisor pode medir a temperatura dos equipamentos desde a subestação, na recepção de energia fornecida pela operadora, até a catenária que alimenta os trens. Se há aumento de temperatura, possivelmente há um indicativo de futuros problemas. O equipamento é capaz de fornecer com acurácia as temperaturas em graus Celsius dos equipamentos. Além disso, o instrumento é portátil e pode ser utilizado em qualquer parte das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda.

“O investimento em tecnologias como esta contribui diretamente para a segurança operacional e auxilia na programação de manutenções corretivas de forma mais assertiva. Quando identificada uma alteração de temperatura durante a manutenção preditiva com o uso do termovisor, a equipe atua prontamente para evitar futuros problemas e falhas, resultando em maior confiabilidade do sistema de rede aérea”, afirma André Mouta, gerente de Manutenção de Rede Aérea e Energia da ViaMobilidade.

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Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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