Completou um ano de operação da ViaMobilidade na gestão das linhas 8 e 9 do sistema de trens metropolitanos. Com a promessa de elevar o padrão de qualidade, o que se viu foi um aumento no número de falhas, em pelo menos sete vezes.
Além disso, cenas raras passaram a ocorrer com mais frequência, como o registro de ao menos quatro descarrilamentos. Houve ainda o acidente mais grave, quando uma composição bateu em um muro de contenção (veja o vídeo) na estação Júlio Prestes. E o mais trágico foi a morte de um funcionário, após receber uma descarga elétrica na estação Pinheiros.
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“Trens antigos”
Márcio Hannas, presidente da CCR Mobilidade, em entrevista a TV Globo, culpou a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM sobre as falhas em trens nas Linhas 8 e 9.
“Os trens que operavam nas linhas 8 e 9, quando era operação da CPTM, eram mais novos. Já era previsto no edital de licitação que os trens que seriam cedidos para a ViaMobilidade eram outros mais antigos, que operavam outras linhas da CPTM. Quando teve o início da operação, esses trens foram trocados. Os trens novos ficaram com outras linhas, e os trens mais antigos vieram para as nossas linhas 8 e 9”, disse Márcio Hannas.
“Esses trens vieram numa condição de manutenção muito pior do que a gente estava esperando. Dos 46 trens que foram cedidos das séries 7.000 e 7.500, 16 vieram com manutenção fora da especificação, e 30 trens vieram sem a manutenção obrigatória de 1,2 milhão de quilômetros”, afirmou.
Antes da concessão, no entanto, ainda sob gestão da CPTM, a linha 9-esmeralda já operava trens da série 7000. Já de fato as composições da série 8000 foram realocadas para a Linha 11-Coral. Os 7000’s entraram em operação em 2010 enquanto os 8000’s passaram a levar passageiros em 2012. A primeira foi produzida entre 2009–2011 enquanto a segunda entre 2010–2012. A Viamobilidade ainda recebeu sete trens da série 8500, que são um dos mais novos da malha de trens paulista.
Sem rompimento de contrato
Ainda que o Ministério Público tenha pedido o rompimento da concessão, a atual gestão não deve rever o contrato. “Da nossa parte não tem um porquê [de romper o contrato]. Qual a garantia que você tem que se voltar com a CPTM vai ter essa carga de investimentos e uma melhoria de serviços? Entendo que a gente tem que atuar em cima do contrato que nós temos”, disse Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (26/1) enquanto vistoriava uma obra da Linha 6-Laranja do metrô.
Empresa diz que investe nas linhas
Em nota ao Via Trolebus, a empresa informou que “em um contrato de concessão válido por 30 anos, que prevê investimentos de R$ 3,8 bilhões somente nos três primeiros anos de operação, mais de R$ 1 bilhão já foi aportado nas duas linhas”.
A empresa ainda diz que em dezembro, as reclamações registradas na ouvidoria apresentaram redução de 78% em relação ao mês de março. No mesmo período, somadas as duas linhas, houve também redução de 76% no número de falhas operacionais.