Entidades do setor ferroviário, em um comunicado, elencaram 16 inconsistências na proposta do governo do Estado do Mato Grosso, sobre a mudança do sistema de transporte de Cuiabá e Várzea Grande, de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para o corredor de ônibus chamado de BRT.
O BRT, de acordo com a carta, não passa de uma faixa para transporte público e que custaria R$ 340 milhões a mais do que foi orçado pelo estado. As entidades ainda afirmam que o governo ainda não conta com o projetos básico e executivo para a implantação do BRT e mesmo assim tem defendido a mudança de modal. As entidades e o consórcio construtor alegam que o VLT já possui as licenças necessárias para construção e também já contam com projeto básico e executivo da obra.
A construção do transporte sobre trilhos custou R$ 1,066 bilhão aos cofres do estado de Mato Grosso. O BRT foi proposto como uma alternativa mais barata, em torno de R$ 480,5 milhões. Mas, as entidades ligadas ao setor ferroviário dizem que o a obra custará R$ 820 milhões e que a tarifa será de R$ 5,70 e não de R$ 3,04. A tarifa do VLT seria de R$ 4,40.
O que diz o Governo?
Sobre o estudo apresentado por entidades ligadas ao setor ferroviário acerca do edital de implantação do Ônibus de Transporte Rápido (BRT), a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), esclarece que:
1) A implantação do BRT não irá diminuir a capacidade viária de Cuiabá e Várzea Grande. Na maior parte do trajeto, o BRT será implantado na mesma posição proposta para o VLT.
2) O investimento público na compra de ônibus e baterias não será transferido ao usuário do transporte coletivo. A tarifa de R$ 3,04 do BRT, leva em conta o custo operacional de manutenção, administração, entre outros, relativos ao modal, mesmos parâmetros utilizados para calcular a tarifa de R$ 5,28 referente ao VLT.
3) Para tentar confundir a opinião pública, as entidades incluíram o valor da aquisição dos veículos na tarifa do BRT, mas não incluíram o valor da aquisição dos vagões na tarifa do VLT, tornando impossível a comparação apresentada.
4) O Governo do Estado agiu com transparência, sempre apresentando as premissas técnicas utilizadas no processo de escolha do BRT. Por sua vez, as entidades não apresentam nenhuma metodologia utilizada para chegar aos custos do BRT em seu estudo de seis páginas.
5) O sistema de BRT proposto pelo Governo do Estado segue todas as características definidas em manual técnico oficial publicado pelo Governo Federal.
6) Não procede a informação de que o tempo para execução das obras do BRT será superior ao VLT, uma vez que a distância, o número de terminais e estações são semelhantes. Além disso, a implantação do BRT não demanda tempo de obra para instalação de trilhos, da rede aérea de tração e das subestações de energia previstas para o VLT.
7) Com o BRT, o Estado deixará de prosseguir com quase metade dos processos de desapropriações que eram previstos para o VLT.
8) Uma vez que o BRT mantém o mesmo traçado do VLT, a Sinfra-MT solicitou a revalidação das Licenças Prévias e de Instalação já aprovadas para o VLT.
9) Em nenhum momento o Governo do Estado informou sobre a existência de Projeto Básico ou Projeto Executivo do BRT. Vale ressaltar que o VLT também não tinha 100% dos projetos básico e executivo completos, conforme apontam os boletins de medição do empreendimento.
10) A modalidade de RDCi foi a mesma usada para contratar as obras do VLT e tem toda a base legal para ser utilizada.
11) Por fim, a Carta Manifesto demonstra desconhecimento sobre o comportamento dos usuários do transporte público em Cuiabá e Várzea Grande. Uma análise do estudo sobre a origem e destino dos passageiros mostra que a operação de uma linha entre o aeroporto de Várzea Grande e o Porto de Cuiabá não atenderia a demanda da população, que é por acessar a região central da capital, o que forçaria os usuários a realizar mais uma integração.