O Via Trolebus conversou com com Pierre-Emmanuel Bercaire, Diretor Geral da Alstom no Brasil e Vice-presidente Jurídico e de Compliance na América Latina, que falou sobre os 65 anos da fabricante no Brasil, projetos futuros, os efeitos da pandemia na empresa, e ainda sobre o novo ônibus elétrico da empresa. Confira a transcrição da entrevista abaixo, ou a conversa gravada e publicada em nosso canal do YouTube acima:
VT: A Alstom completou 65 anos no Brasil, e seu material rodante é visto em pelo menos seis capitais brasileiras. Como a empresa enxerga o mercado brasileiro e quais as perceptivas para o futuro?
Pierre-Emmanuel Bercaire: A gente está muito feliz de completar 65 anos. 65 anos é muito tempo para uma indústria, para uma empresa estar no país. A gente tem uma história muito muito bacana. Produzimos muitos trens, muitos carros no Brasil nesses 65 anos 4.600 carros ao longo de todo esse tempo e a gente tem feito projetos não só no Brasil mas também para o mundo. A gente fez projetos para a África do sul. A gente fez projetos para Nova Iorque. A gente fez projetos para o Chile e Argentina é claro para muitas cidades no Brasil. Tenho muito orgulho disso. Além de todo um trabalho de sinalização. Temos um centro importante de sinalização onde realizamos projetos também para o mundo e para o Brasil e para nossos vizinhos da América Latina. Estou muito feliz e muito feliz também pelo futuro.
VT: A empresa teve recentemente novos projetos que incluem, além da Linha 6-Laranja, trens para Taiwan e a Romênia. A pandemia afetou ou afeta o processo de fabricação das composições?
Pierre-Emmanuel Bercaire: É claro que o impacto de uma pandemia desse tamanho acabou afetando, mas não afetou contratos que foram ganhos recentemente. Temos o contrato de material rodante para a Linha 6 aqui na cidade de São Paulo, o Metrô de Taipei, e para o metrô de Bucareste. Esses projetos foram ganhos e então ainda na fase de engenharia. Eles estão sendo preparados para uma manufatura pouco mais tardia nos anos para frente, então não afetou esses três contratos, mas claro que afetou o mercado como um todo.
Muitos dos nossos clientes estão sofrendo muito com esta polêmica e claro, reduzindo durante um período em crescimento e consequentemente contratações de novos carros e novos serviços de sinalização e infraestrutura.
VT: Das quatro últimas aquisições de trens em sistemas paulistas, pelo menos em três delas houve a participação de empresas do mercado asiático. Como a Alstom enxerga esse cenário?
Pierre-Emmanuel Bercaire: É um mercado muito competitivo não há dúvida disso. As empresas asiáticas principalmente chinesas estão presentes hoje na América Latina como um todo. Então temos que ser ainda mais competitivos para podermos ganhar projetos e manter nossa indústria nacional realizando projetos. A própria Alstom ganhou o projeto no Rio de Janeiro há um certo tempo atrás e a principal concorrente eram os chineses. O mercado nacional, as empresas nacionais, tem de ter mesma chance que as empresas que vêm de fora, isso tem a ver com isonomia tributária. E por sinal em termos de tecnologia, não há dúvida que o mercado nacional é tão competitivo como as empresas asiáticas e temos que continuar investindo em tecnologia e inovação para sermos competitivos.
VT: Já podemos pensar em sistemas de desinfecção de trens que saiam de fábrica pensando no novo normal e a participação da indústria neste cenário?
Pierre-Emmanuel Bercaire: Temos um grupo de engenheiros pensando em novas tecnologias e inovações para prevenir e pra ajudar nas questões sanitárias da pandemia. A gente tem até feito pesquisas com nossos próprios clientes para eles nos explicar o que é que eles gostariam de ter. O que é que eles gostariam de poder dar à população para reduzir o contágio.
VT: Como está a inserção do Aptis , o ônibus elétrico da Alstom no mercado, em um cenário onde é crescente a aquisição deste tipo de veículo em todo o mundo?
Pierre-Emmanuel Bercaire: Para mim ele é revolucionário. Ele é diferente. Ele tem um eixo diferente. Ele tem uma capacidade de transportar mais pessoas que um ônibus elétrico convencional. Ele tem uma capacidade de bateria que dura mais tempo. Ele tem um sistema de recarga de energia própria ou seja ele é muito inovador. Esse ônibus já foi encomendado por alguns players do mercado na França e algumas outras cidades, e ainda não chegou à América Latina. A gente está esperando amadurecer um pouco mais o produto para se adaptar melhor à nossa realidade latino americana. Então hoje ele só é produzido na Europa. Mas esperamos que em breve possamos trazer esse produto para a região. Mas ainda não tem datas para te dar. Ainda está sendo pensado para se adaptar ao nosso mercado.
VT: Como enxerga a Alstom no futuro?
Pierre-Emmanuel Bercaire: Primeiro acho que o futuro passa por inovação e passa por meio ambiente. Não podemos falar do nosso setor sem falar do meio ambiente. Somos um sistema de transporte ecologicamente correto. Ele ajuda o meio ambiente. Hoje é uma questão lá fora importantíssima. Então a Alstom inova muito para trazer soluções que sejam respeitoso do meio ambiente. Fabricamos os primeiros trens a hidrogênio, utilizado na Alemanha que acabou de ser vendido para a Itália e para a França. Espero que um dia possamos trazer esse trem para América Latina e para o Brasil.
Com certeza a questão do meio ambiente em toda parte também é muito importante. A parte de sinalização a inovação da sinalização para ter uma sinalização que possa dar mais informação ao passageiro, mais segurança.
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